Nestlé acusada de espiar activistas da Attac/Suíça

A Nestlé é protagonista dum inacreditável escândalo que abalou a Suiça. Ele revela, entre muitas outras coisas, que há sempre dinheiro para gastar… E muito! É claro que, em vez de ser para aumentar salários ou melhorar as condições de trabalho, esta multinacional prefere utilizá-lo a vigiar ilegalmente, através duma empresa de segurança privada e com o consentimento da polícia, uma organização que ousou questionar a forma como desenvolve a sua actividade, no que toca às questões ambientais, laborais e de direitos humanos.

Esta notícia não mereceu destaque nos media portugueses. Mas encontrámo-la, entre outras fontes, num blog de profissionais da segurança que estão a lutar por justos direitos que lhes faltam no trabalho. É que, infelizmente, em matéria de atropelos, sabemos bem que as empresas de segurança não se limitam à espionagem…

“A multinacional Nestlé contratou os serviços da Securitas para infiltrar agentes desta empresa no grupo de trabalho que preparava um livro sobre os aspectos mais obscuros do funcionamento daquela multinacional. A espionagem durou um ano e a polícia local teve conhecimento do que se passava. O escândalo rebentou com uma reportagem televisiva.

A agente infiltrada pela Securitas entre o verão de 2003 e o de 2004 fazia o ponto da situação nesta empresa de segurança, que por sua vez informava o cliente. Mas ela chegou a reunir pessoalmente com o responsável pela comunicação da Nestlé e com o seu chefe de segurança. O jornal “El Mundo” diz que a Nestlé gastou mais de 65 milhões de euros nesta operação de espionagem.

Depois de contactar a organização que luta contra o poder das multinacionais e dos mercados financeiros, a agente da Securitas fez parte do grupo de trabalho sobre as multinacionais, integrando depois o grupo mais restrito que elaborava um livro (“Attac contre l’Empire Nestlé”, publicado em 2004).

O trabalho da ATTAC publicado neste livro abordava a acção da Nestlé na sua relação com os OGM, a privatização da água, os sindicalistas e trabalhadores envolvidos em lutas laborais na empresa, incluindo países como a Colômbia, onde os direitos humanos ficam à porta das empresas.

A polícia e a Securitas justificam a infiltração com as circunstâncias particulares da cimeira do G-8 em Evian, embora o período de duração desta espionagem tenha ocorrido já depois da cimeira. A ATTAC/Suíça apresentou queixa nos tribunais após a reportagem ter sido emitida na televisão.”

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