Nova Lei das Rendas e precariedade

O Governo apresentou na Assembleia da República uma proposta de lei que altera a legislação do arrendamento urbano. Com esta proposta, que incide sobre o NRAU, milhares de pessoas com as chamadas rendas antigas (anteriores a 1990) vão sofrer uma subida muito rápida das rendas, mas os mais jovens, principalmente os precários, também serão negativamente afetados por esta medida.

Hoje todos sabemos que se queremos alugar um apartamento nas grandes cidades nos temos de sujeitar a rendas altíssimas. Por um pequeno T1 em mau estado facilmente se paga mais de 500 e um T2 ultrapassa claramente os limites do aceitável. A Ministra Assunção Cristas diz que com a entrada dos apartamentos com rendas antigas no mercado de arrendamento as rendas dos mais jovens irão baixar, mas a realidade está longe de ser tão risonha.

Primeiro porque para que tal aconteça os inquilinos das rendas antigas (velhos e pensionistas na sua maioria) teriam de ser despejados das suas casas e os senhorios teriam de fazer obras e o Governo insiste que não existirão despejos em função desta lei, ou seja, dão o dito pelo não dito.

Segundo porque na lei não há nenhuma maneira para um inquilino que hoje paga uma renda demasiado alta poder negociar com o senhorio a redução da renda. Não é esquecimento do Governo, é simplesmente uma escolha: só se prevê a subida de rendas e não a sua redução.

Finalmente, com esta lei os contratos de arrendamento deixam de ter o prazo mínimo de 5 anos e, por isso, os senhorios podem fazer contratos de arrendamento mês a mês ou de 6 em 6 meses. Já imaginaste teres de apresentar o teu contrato de trabalho quando tens de alugar uma casa? A conversa dos senhorios será: “Se tem contrato de trabalho de um mês, só pode alugar a casa um mês… depois logo se vê.”

Esta lei do arrendamento não resolve nenhum dos problemas e já se sabe que o programa Porta 65 apoia cada vez menos pessoas com cada vez menos dinheiro. Falta um programa de apoio ao arrendamento jovem que permita que os mais novos possa voltar a ocupar os centros das grandes cidades, diminuindo os movimentos pendulares e dando vida ao que hoje está esclerosado.

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