Números bem mais que "preocupantes"
O Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou, na passada 6ª feira, os últimos números sobre a economia portuguesa. Nesta “estimativa rápida”, o INE deixa claro que o cenário é, como seria de esperar, dramático: em termos homólogos – ou seja, comparando com o primeiro trimestre de 2008 – o PIB cai 3,7% (depois de ter descido 2,0% no trimestre anterior).
Mas o que mais impressiona – apesar de, inflelizmente, já não surpreender – é o facto do desemprego ter subido para os 8,9%. Em relação ao primeiro trimestre de 2008, a população desempregada aumentou 16,1%. Contas feitas, os número oficiais já apontam para 495,8 mil desempregados. São os piores números dos últimos 23 anos. E sabemos que são muitos mais. Aliás, basta considerar as muitas outras pessoas que estão arredadas do trabalho e que o INE escolhe não contabilizar para os números do desemprego: além do trabalho ilegal (cada vez mais significativo, como se sabe), o próprio INE admite a existência de 93,2 mil “inactivos disponíveis ou desencorajados” e de 61,3 mil pessoas em situação de “subemprego visível”. Apenas somando estas duas últimas categorias estatísticas – também elas discutíveis e, certamente, subestimadas – teríamos hoje números ainda bem mais assustadores: mais de 650 mil desempregados, uma taxa de cerca de 11,6%.
Este aumento do desemprego está sobretudo associado à destruição de mais de 90 mil postos de trabalho no último ano. 9 em cada 10 empregos destruídos atingiram pessoas entre os 15 e os 34 anos, revelando que esta crise está a afectar muito particularmente os jovens.
Perante a brutalidade destes números, Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, declarou que “não há saída” com este rumo, referindo ainda que “têm que se mudar as propostas para a juventude”, adiantado os jovens não podem estar “sujeitos à precariedade, ao desemprego e aos baixos salários”.
O ministro Vieira da Silva limitou-se a constatar que esta realidade é “preocupante”. Não é cedo para chegar a esta conclusão, que deveria levar este executivo a enfrentar os problemas centrais deste país. Mas, infelizmente, sabemos que não é esse o caminho que está a ser seguido, como se prova pela escassa promessa de “intensificar as medidas contra a crise”. Ou seja, o que podemos esperar é que continue tudo na mesma e que uns remendos ocasionais mereçam o destaque da propaganda e não que invertam o desgraçado cenário a que estão sujeitos milhões de pessoas.