Nuno Oliveira, Inglaterra :: Investigadores pelo Mundo

Este é o penúltimo testemunho do dossier “Investigadores pelo Mundo”. Neste dossier, recolhemos testemunhos de 14 investigadores a trabalhar fora de Portugal, e que nos dão uma visão de como funciona a investigação nos países onde vivem e as principais diferenças que encontram em relação à investigação em Portugal. Essencialmente, a colecção de testemunhos demonstrou que a precariedade na investigação a que estamos sujeitos em Portugal não só não é inevitável, como está longe de ser a regra no resto da Europa.

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Nuno Oliveira está a fazer o doutoramento na universidade de Oxford, em Inglaterra, e descreve que a principal diferença que encontra é a total liberdade na investigação.

1.Que investigação fazes (IC, PhD, pós doc, etc), área profissional, e o teu trabalho está integrado num projecto de investigação mais amplo ou é um projecto individual?

PhD em Systems Biology/Evolutionary Biology. O meu projecto é individual e foi escrito por mim, com os conselhos/ajuda indispensáveis do meu orientador.

2. Que tipo de vínculo contratual tens (bolsa, contrato, etc)? Financiado por quem?  Sempre foi assim?

Bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Desde que comecei o meu doutoramento que tenho esta bolsa. Antes da mesma dei explicações para poder financiar os 2 mestrados em que estive envolvido.

3. Que tipo de vínculo têm os teus pares (colegas de laboratório, professores, orientadores)?

Bolsas semelhantes á da FCT, tipicamente atribuídas pelo Reino Unido (a maioria) no caso de alunos de doutoramento, e contratos (de médio ou longo prazo dependendo da situação) no caso de professores do meu departamento.

4. Baseando-te na tua experiência, quais as principais diferenças que encontras relativamente à investigação em Portugal?

Liberdade para investigação realmente independente e com poucos (ou nenhuns) constrangimentos monetários para a investigação propriamente dita. O que é preciso comprar compra-se para garantir a melhor qualidade possível dos resultados. Aqui (Oxford) sinto que um aluno com ideias originais pode de facto testá-las e não ficar limitado às ideias/projectos dos orientadores como acontece na maior parte das vezes em Portugal.

5. Tens apoio para fazer uma temporada/trabalho de campo noutro instituto/país para melhorar a investigação que fazes?

Nunca precisei mas tenho a certeza que o meu orientador pagaria caso fosse necessário.

6. Qual a percepção pública dos investigadores no país onde trabalhas?

Não sinto que haja muita diferença relativamente à percepção dos investigadores no Reino Unido e Portugal. A haver alguma diferença será mais entre instituições onde se faz a investigação. Oxford e Cambridge são sinónimo de investigação de qualidade no Reino Unido, se bem que nem sempre é verdade, como seria de esperar de qualquer instituição. Investigação de qualidade faz-se por pessoas de qualidade não por institutos de qualidade. Em Portugal nunca senti uma percepção pública clara de onde se faz a melhor investigação nacional.

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