O Boy Francisco Madelino (presidente do IEFP) continua na sua trip do país das maravilhas
O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) é a instituição pública que se tem destacado pelo apagão de desempregados dos registos em Portugal. Francisco Madelino, o seu presidente, ora assume a existência de erros no cruzamento de dados (embora nós não acreditemos muito nessa tese) ora veste a sua farda ilusionista e toca de usar a sua varinha de condão para nos fazer acreditar que as coisas até vão bem em terras de sua majestade (obrigado Pinto Monteiro).
Em entrevista ao Diário Económico, Francisco Madelino fez certamente uma das entrevistas menos esclarecedoras de 2010. Não é mau, tendo em conta que o senhor é presidente de um instituto com alguma responsabilidade. Então vejamos, o título da notícia é elucidativo, não fosse algum precário não perceber bem: “Profissões operárias também são bem pagas”. Leva-nos desde logo a imaginar quais serão as profissões bem pagas em Portugal. Mas vamos ao resto da “notícia”, já que a época estival nos aguça o apetite pela comédia-negra.
Sub-Título: “O presidente do IEFP salienta que nem só as licenciaturas significam um bom salário.”. Em apenas em duas frases, título e sub-título, ficámos a saber que tanto uma licenciatura (como profissão qualificada) como as profissões operárias são bem pagas em Portugal.
Na entrevista podemos observar as permanentes confusões sobre “profissões mais qualificadas que vão ser mais bem remuneradas”, misturando áreas como as da energia, ambiente, tecnologias de informação, saúde ou turismo. Madelino inventa ainda profissões operárias qualificadas de nível intermédio, que aparentemente “Não serão pessoas licenciadas, mas serão bem pagas, para fazer trabalhos de manutenção doméstica e outros”. No entanto, Francisco Madelino deixa um alerta sobre as tais profissões operárias mais desqualificadas , agitando o velho (e odioso) “papão da imigração que vem roubar o trabalho aos nacionais portugueses”, evocando que essas profissões operárias vão contar com uma concorrência forte e crescente da população imigrante. Pode ficar com o alerta para si próprio, porque nós bem sabemos que a verdadeira ameaça ao trabalho está cá dentro e senta-se em cadeiras de veludo.
Francisco Madelino coloca o senso-comum, o medo e a esperança das pessoas num caldo que beneficia a confusão e cria divisões entre supostas classes de trabalhadores, uns que podem ganhar dinheiro tendo ou não qualificações, e outros que se encontrarão em mercados de exploração, esses sob ameaça dos imigrantes (sendo estes os mais explorados de todos). Das duas uma, ou o presidente do IEFP sabe muito pouco do que fala ou pretende mentir e iludir muita gente. Colocamos em cima um gráfico com as remunerações médias num país desigual e traçado pela precariedade que atinge todas as idades e qualificações profissionais.
A analisar também as imagens seguintes que demonstram a brutalidade da desigualdade: