O contra-ataque precisa da solidariedade de todos/as os/as trabalhadores/as

Todos os dias, de manhã, a cidade acorda com a agitação de milhares de precários e precárias que se dirigem aos seus locais de trabalho. O percurso que parece repetitivo de cada uma destas pessoas, casa-trabalho-trabalho-casa, conta realidades diversas mas que têm muito em comum.

Diversas porque somos professores, enfermeiros, empregados de call-center, arquitectos, caixas de super-mercado, juízes, funcionários públicos, artistas, entre outros, temos actividades diferentes e a cada uma delas correspondem várias especificidades: o local e horário de trabalho, a qualificação, o transporte, etc.
Em comum temos o facto de partilharmos uma condição precária, imposta por patrões e governantes através de uma complexa teia de chantagens:

Com os argumentos da globalização dos mercados e da modernidade tentam convencer-nos das vantagens do individualismo, de que o futuro passa pelo mérito pessoal reconhecido e, portanto, pela competitividade, que o meu patrão está em pé de igualdade comigo e que se engorda fortunas, é mérito dele. Assim, tentam fazer-nos engolir a flexibilidade das relações de trabalho, porque dizem que temos de responder às ditas necessidades de mercado e primar pela competitividade, porque o contrato de trabalho colectivo é desadquado, não é moderno. Assim, entre outras formas, os contratos a prazo, os recibos  verdes, a subcontratação e o trabalho informal vão hegemonizando a totalidade das relações de trabalho, a precariedade de uns é chantagem sobre os restantes. Querem-nos separados, uns contra outros para esquecermos o essencial: a relação de forças entre quem detém os meios de produção (os patrões) e os trabalhadores, é desigual.

Cai a crise económica, gerada pelas mesmas fortunas que nos roubam, e com ela já esgrimem argumentos de que a culpa é de todos e até apelam à solidariedade e compreensão de todos os trabalhadores. É a desculpa perfeita para fazer saltar a austeridade sobre a classe trabalhadora, já ai vem o corte nos salários, no subsídio de desemprego, no 13º e 14º mês, tal como a perseguição aos desempregados como se de criminosos se tratassem.

Basta! Recusamos a chantagem da crise, do défice, do “rating”, do desemprego e de todas as estatísticas que querem sobrepor às nossas vidas. Sabemos muito bem onde está o problema, os imensos privilégios e a riqueza de alguns (patrões, governantes e amigos) são resultado da exploração de todos os restantes.

Não nos conformamos e organizamos juntos a resposta, ultrapassando a resistência, imaginamos o contra-ataque. Se todos os precários baterem o pé, o mundo treme!

Ricardo Vicente
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