O Estrago da Nação
Hoje à tarde debate-se o Estado da Nação no Parlamento, este é um debate que marca o fim de todas as sessões legislativas e que este ano estará marcado pela crise e pelas medidas tomadas pelo Governo, com o apoio do PSD, para diminuir o défice.
Estamos perante um verdadeiro Estrago da Nação, um cenário marcado pela subida do custo de vida e por um desemprego recorde, onde a maior preocupação das pessoas é perder o emprego.
Face a este cenário, onde o desemprego continua a subir, atingindo já os 10,9% o que representa mais de 730 mil pessoas, a solução encontrada é dificultar o acesso ao subsídio de desemprego e promover uma política de facilitação dos despedimentos. Isto para não falar no enorme número de falsos recibos verdes, 900 mil, que não tem direito a qualquer prestação social de apoio no desemprego, apesar de serem os primeiros a perder o emprego.
Quando 57% das famílias vivem com menos de 900 euros mensais e têm graves dificuldades em lidar com despesas extra, a solução é aumentar o IVA e o IRS de forma que todos paguem por igual, não distribuindo a factura pelos mais abastados. Com estas medidas aumentam as desigualdades e o número de milionários, que em Portugal aumentou em 5,5% desde o ano passado, atingindo as 11 mil pessoas em 2010. Podemos também ver isso num estudo divulgado hoje pelo INE, que conclui que o rendimento dos 20% mais ricos em Portugal é seis vezes superior ao grupo dos 20% mais pobres, com base nos rendimentos de 2008. Hoje esta diferença será maior, depois da entrada em vigor do PEC2, porque com um aumento do IVA e do IRS o rendimento disponível para os precários diminui desigualmente em relação aos mais ricos.
A “Nação” está estragada, e é preciso dar resposta a estas desigualdades, infelizmente as respostas que temos tido promovem apenas o agravamento desta situação e comprometem o nosso futuro. A resposta terá de ser muito mais difícil e terá de vir, como diz o autor de um estudo sobre a pobreza, o professor Bruto da Costa, “da chamada sociedade civil”. É preciso uma mobilização da sociedade para responder a este crescimento da desigualdade. Ainda há poucos dias tivemos uma vitória. Com uma mobilização forte os cortes na Cultura foram anulados. Estamos agora em condições de ter muitas mais vitórias.
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