A rejeição dos irlandeses, em referendo, do tratado europeu, desarrumou as ideias dos líderes europeus. Segue-se agora uma vergonhosa campanha mediática que tenta pôr tudo no seu lugar e insinua que a vitória do Não foi apenas “incompreensão” e “anti-europeísmo”. Tentam chamar estúpidas às pessoas que, em toda a europa, recusam este tratado, e não por “xenofobia”, como eles dizem, mas bem pelo contrário. A europa fortaleza é a que estes dirigentes anti-democráticos da Europa querem. A Europa neo-liberal, que quer pôr a pata em cima de direitos e garantias essenciais, a europa da precariedade e do desemprego, é essa a Europa a que este tratado quer servir de base. Uma nova constituição europeia “reduzida” (como quis ardilosamente Sarkozy para ver se passava) e não legitimada pelos cidadãos europeus – é isso este tratado. Os medos de Sarkozy e de Durão confirmam-se. Eles tinham razão. Este tratado só passará autoritariamente. Ou não, se formos capazes de levantar de novo a voz e dissermos Não a esta Europa como fizeram os irlandeses nas urnas.
Jose Manuel Barroso: in May, he warned that the rejection of the treaty on the green island would have an impact on the entire institution. “If there was a ‘No’ in Ireland or in another country, it would have a very negative effect for the EU. We will all pay a price for it, Ireland included, if this is not done in a proper way,” he said. (“se houver um ‘Não’ na Irlanda ou em qualquer outro país, isso terá um efeito muito negativo para a EU. Pagaremos o preço, Irlanda incluída, se isto não for feito da maneira certa”)
Agora Durão diz que “não nos devemos precipitar”. Patético.
Pois é. É o que dá assinar tratados contra as pessoas e sem ouvir a sua voz (nem os seus votos!). Democracia europeia? Bah! Só quando dá jeito aos senhores da Europa.