O primeiro dia do resto da nossa luta
– Fim imediato da aplicação do memorando da Troika;
– É preciso a demissão do Governo e a rejeição democrática de qualquer governo cujo programa seja novamente o regime de austeridade da Troika;
– É necessário construir uma greve geral popular, organizada não só pelos sindicatos mas por todas as pessoas, constituindo-se nos seus bairros, locais de trabalho, escolas, faculdades, hospitais, cidades, para parar o país e demonstrar, de modo inequívoco, que só o trabalho, o conhecimento e a capacidade dos cidadãos que pode construir um país. Portanto, a dignidade tem de ser devolvida imediatamente às pessoas através dos salários e da reposição dos direitos e serviços públicos essenciais (acesso à saúde, escola, apoio no desemprego, etc.).
O dia 15 de Setembro não foi uma catarse. Não foi uma válvula de escape para desanuviar a pressão do governo. Neste dia o povo juntou-se na rua e muita gente que nunca tinha tido uma experiência coletiva destas experimentou o espírito de partilha e união que tira as pessoas das suas correntes individuais. Neste dia falou-se de organização, da necessidade de organizar e de organizar-se. E por isso também fez-se o apelo a uma concentração na próxima 6ª feira por uma concentração frente ao Conselho de Estado para exigir o fim dos governos da troika e recusa dos programas de todos os troikistas.
Um grupo de pessoas, provindas de ativismos diversos, de quadrantes políticos diferentes, de níveis de intervenção variados, e mesmo pessoas até agora afastadas da atividade política e pública provou que pode juntar-se para fazer algo extraordinário. Assente num consenso simples mas claro, definindo onde se pode convergir e marcar uma posição, lançou-se um repto para todo um país e até além-fronteiras. É um sinal da urgência dos tempos em que vivemos, que deve servir de sinal para os vários sectores que recusam o futuro de submissão à política da Troika: é preciso saber juntar-se para lutar por esse objetivo comum. E assim se derrubou um consenso podre e fabricado, mais propaganda que verdade, de que há que aceitar a “inevitabilidade”, o empobrecimento e a retirada de dignidade às pessoas. Esse consenso forçado caiu e hoje o povo sabe que este não é o único caminho possível – sabe até mais: que esta caminho é impossível e que só há futuro alterando a política e terminando com a era da Troika. A luta continuará. Feita por estas como por muitas outras pessoas. E onde antes a luz da esperança ia já rareando, hoje amanheceu mais um belo dia de luta. Continuemos.
by