O resgate do governo do resgate

O que pudemos ver na última semana foi apenas mais um sinal claro de que a política já não obedece às lógicas anteriores: a democracia não é um factor relevante, a legitimidade de um governo tão pouco, a linha política ou programa eleitorais já foram há muito deixados e a troika (desta vez por intermédio de Cavaco Silva) põe e dispõe do governo que devia servir a população. E assim tentarão forçar-nos este governo retalhado, resgatar um governo Frankenstein para, com probabilidade, começar o 2º resgate.

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A troika poderá dar ordens para tentar fortalecer este governo, sendo já expectável que se adie a 8ª avaliação do memorando. Mas o que será impossível é deixar de apresentar o plano de reforma do Estado, que foi sucessivamente adiado desde Fevereiro desde ano após as manifestações massivas a 2 de Março.

No entanto já chega de Espanha a notícia do próximo resgate a Portugal, provavelmente feito sem o FMI, para perder o nome queimado da troika, mas mantendo toda a mesma lógica de destruição sem fim, de subjugação. O El Pais chama-lhe um “resgate brando”, devido à situação da prática certeza da impossibilidade de regresso aos mercados do país depois de 2 anos de saque à economia portuguesa, que ao invés de transformarem Portugal num país com qualquer interesse, o transformaram num país destruído.

É necessário manter a pressão sobre este governo morto cujas partes foram cozidas de novo como um monstro Frankenstein, uma vez que as contradições internas não se esbateram, mas apenas se agravaram e as facas afiadas de CDS e PSD continuam apontadas não apenas à população, mas voltadas para os respectivos parceiros de coligação.

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