Opinião :: 100 dias depois

Faz hoje 100 dias que fomos recebidos pela directora regional do centro da Autoridade para as Condições do Trabalho, Dra. Domitília Gomes. Paulo Morgado de Carvalho, presidente da ACT, não nos recebeu, compreende-se. Andava em conferências, ou na América do Sul, em representação da ACT, compreende-se.

Vale tudo menos tirar olhos no mundo do trabalho em Portugal. Mas é mais grave quando o Estado se coloca ao lado dos patrões delinquentes – enquanto membro de uma espécie de gang, – e quando aparece pelas mãos de Bagão Félix, Vieira da Silva ou Sócrates a querer fazer uma espécie de prova de fogo para determinar a sua apetência para o roubo. Sócrates montou uma Autoridade para as Condições do Trabalho em que parte dos trabalhadores são precários, dezenas de juristas. Talvez achasse que ninguém ia reparar, ou que talvez se devesse apagar a palavra precariedade do dicionário como diria Ferreira Leite. Mas não. Nós reparámos e não vamos esquecer.

Na ACT, Paulo Morgado de Carvalho, veste no entanto a roupa de menino do coro, “arranjadinho” diria Sócrates, para aparecer de vez em quando na televisão a tentar ser uma espécie de cruzamento entre um escuteiro e um menino do coro que de vez em quando vai rezar uns terços a um altar improvisado onde deve haver um Nosso Senhor com a cara de Sócrates e a a senhora talvez seja Ferreira Leite, não vão as contas eleitorais dar para aí.

Enquanto isto, milhares de processos estão em risco de prescrever devido à precariedade de tantos juristas no seio da ACT. Em Castelo Branco, no call-center da Seguraça Social nada aconteceu, apesar da Dra. Domitília ter assumido com o PI que iria existir uma “inspecção de qualidade”. 100 dias depois, estamos na mesma.

Sócrates continua a achar que lhe dará votos associar a sua imagem às grandes empresas exploradoras do trabalho e vida das pessoas. Vai-se passeando ao lado do patrão da PT, Zeinal Bava, por entre a destruição que causa na vida das pessoas. Paulo Morgado de Carvalho está na sombra, aliás, não seria de esperar outra coisa. Ele é uma sombra, uma vergonha, e pelos vistos já o percebeu. É melhor que não apareça. A Dra. Domitília Gomes lá engoliu mais um sapinho, e lá estará a tentar gerir melhor o equilíbrio entre quem quer fazer alguma coisa mas não lhe deixam porque senão acaba-se a comissão de serviço (ou será um vínculo precário?). De qualquer forma, o melhor é não fazer ondas…

100 dias. Nada se passou sobre a vergonha do Call-Center da Segurança Social em Castelo Branco. Continuam a criar-se centenas de novos postos de trabalho para exploração extrema de pessoas, como se não existissem alternativas. Sócrates sorri, Zeinal Bava (PT) sorri, Paulo Morgado de Carvalho sorri e a Dra. Domitília engole em seco.

Nós não esqueceremos nada disto.

rUImAIA

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