Opinião: A verdade de Jorge Sampaio?

Em declarações à TSF, Jorge Sampaio defendeu a flexibilidade laboral e o trabalho a tempo parcial como formas de combate à crise e de preservação do emprego. Para justificar as insólitas declarações, o ex-presidente da República esclareceu que “é preciso falar verdade”

Mas esta não é a verdade: é a perspectiva que interessa a uma classe empresarial pouco pródiga a premiar os trabalhadores quando os resultados são altos e muito rápida a despedir-los, muitas vezes “preventivamente”, quando surgem dificuldades.

Mais do que legitimar a precariezação das relações de trabalho, cabe ao Estado defender os trabalhadores destes abusos, em vezes de estimular a degradação e precariezação das relações laborais.

Também cabe ao Estado promover políticas públicas de emprego, que criem serviços úteis, reforcem a poder de compra da população e contribuam para estimular a economia.

Pode ainda caber ao Estado fomentar o associativismo, o cooperativismo, a auto-organização de trabalhadores, as práticas de auto-gestão, o controle pelos trabalhadores das empresas que se afirmam inviáveis.

Cabe à esquerda defender um Estado que defenda as pessoas. E diga-se, em nome da verdade, que foi em nome dessa esquerda que Sampaio chegou a presidente da Câmara de Lisboa e à Presidência da República.

As declarações de Sampaio podem ouvir-se aqui ou aqui.

João Romão

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