Opinião: E se o RIO+20 tivesse que ver com precariedade
Começa daqui a um dia no Rio de Janeiro (Brasil) a conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável: Rio+20 a Cimeira da Terra.
Em cima da mesa de discussão estão a “economia verde”, a reforma da ONU para que preveja estruturas para o desenvolvimento sustentável e a definição de metas para a sustentabilidade, ou seja quais os objetivos para o desenvolvimento sustentável que os países do mundo estão disponíveis a cumprir.
Ainda a conferência não começou e já começaram os problemas, porque não há ainda acordo sobre o texto final da cimeira e o Brasil apresentou ontem uma versão lite do documento para tentar a sua aprovação, tendo já sido criticada pelas ONG’s ambientalistas.
Será que a questão da sustentabilidade é e só deve ser coisa de “ambientalistas”? Acreditamos que não e que a questão da sustentabilidade do desenvolvimento está intimamente ligado ao modo como medimos crescimento, como produzimos, à pobreza e ao trabalho. É também assim que o desenvolvimento sustentável é visto por muitas pessoas nesta cimeira.
Aliás, a ONU já acordou sobre um ponto: a economia verde é vista “no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza” (ver texto aqui). Assim, é preciso combater o desemprego e a precariedade, para permitir o desenvolvimento social, económico, cultural e ambiental.
Mas esta ideia de desenvolvimento esbarra sempre com a maneira como medimos o crescimento de um país: o PIB. E deste indicador estão sempre dependentes vários outros indicadores macro económicos. Por isso, muitos propõem que se meça o crescimento, e logo o desenvolvimento, de outras maneiras que incorporem os recursos naturais. Os resultados seriam surpreendentes.
Se é certo que o centro da atenção mediática está na crise financeira, económica e social que hoje vivemos na Europa, temos de compreender que dentro de 10 anos a crise ambiental e da sustentabilidade vai manter-se se mantivermos a maneira de produzir e se mantivermos as desigualdades sociais a que esta maneira de produzir obriga, nomeadamente no que toca à precariedade e ao desemprego.
Por isso, nestes dias, todos aqueles e aquelas que querem intervir no mundo do trabalho e sobre o desemprego devem estar atentos ao Rio+20.
Ricardo Santana e JC
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