Opinião: O programa dos empresários para a crise
Estes três elementos – desregulamentação das relações laborais, desenvolvimento de serviços financeiros globais e livre comércio internacional (com livre circulação de capitais) – têm suportado o ataque ao trabalho e ao seu valor nas últimas décadas. Foi assim que se facilitou o despedimento de trabalhadores, a especulação financeira e a deslocalização de empresas para países de mão-de-obra barata. O trabalho desvalorizou e desorganizou-se.
As reivindicações desta organização patronal global definem uma agenda de resposta à crise económica que quer defender as conquistas dos últimos 30 anos, em que os rendimentos do capital (juros e lucros) ganharam peso em relação aos salários no rendimento total, em que as relações de trabalho sofreram evidente precariezação e em que os trabalhadores perderam representatividade e poder de decisão.
Cabe a quem trabalha – de forma precária ou não – afirmar outra agenda de respostas a esta crise. Será a resposta contrária: maiores direitos laborais, defesa contra despedimentos ilegais e falências fraudolentas, programas de emprego público, proibição dos off-shores e transacções financeiras internacionais ocultas, regulamentação do comércio e dos fluxos internacionais de capital.
Aos precários também cabe disputar estas agendas, com a representatividade que se conseguir conquistar. Nada é oferecido nas respostas oficiais a esta crise. Nem sequer a voz: o programa Prós e Contras, da RTP, debateu ontem o desemprego. Estava o governo do PS, o PSD, organizações sindicais e patronais, trabalhadores e empresários. Não estavam desempregados nem precários.
João Romão
É verdade joão, mas qualquer força que realmente defenda os direitos dos trabalhadores e das pessoas que trabalham para viver, terão de fazê-lo integrando na sua proposta e na sua lógica de direitos as situações dos diversos empregados, precários ou não, e dos desempregados.
Isto para dizer que, claramente, as centrais sindicais, CTs e organizações de trabalhadores e precários, como o PI, terão de integrar e desenvolver a luta sobre esses problemas, sem barreiras.
Penso que se começa a fazer isso, pelo menos, há vários grupos que integram essa luta… não só informais como o PI e o FERVE (e outros), mas também formais, como por exemplo a CT da Autoeuropa, que ainda há pouco tempo veio a publico defender os precários despedidos, ou a CGTP que participou já em trocas de ideias e experiências com o PI… enfim… sabemos bem quem está do lado de lá.
abraços
Não tenho dúvidas que só com muita união e congregação de esforços,como diz o rUImAIA!
Esses gajos es´tão muito bem organizados e tem imensos meios!!!
Mas é urgente essa união.
Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar
Lava-a de crimes espantos
de roubos, fomes, terrores,
lava a cidade de quantos
do ódio fingem amores
Leva nas águas as grades
de aço e silêncio forjadas
deixa soltar-se a verdade
das bocas amordaçadas
Lava bancos e empresas
dos comedores de dinheiro
que dos salários de tristeza
arrecadam lucro inteiro
Lava palácios vivendas
casebres bairros da lata
leva negócios e rendas
que a uns farta e a outros mata
Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar
Lava avenidas de vícios
vielas de amores venais
lava albergues e hospícios
cadeias e hospitais
Afoga empenhos favores
vãs glórias, ocas palmas
leva o poder dos senhores
que compram corpos e almas
Leva nas águas as grades
…
Das camas de amor comprado
desata abraços de lodo
rostos corpos destroçados
lava-os com sal e iodo