Opinião: Precariedade no debate quinzenal (e um pouco por todo o lado…)
O Governo esteve hoje na Assembleia da República, para mais um debate quinzenal. José Sócrates, como costume, tomou a palavra, falou de “resultados” – uma insistência tonta e autista, mas que já deixou de surpreender –, voltou ao auto-elogio e irritou-se com as críticas. Nada de novo. Mas, além das vaidades do défice ou das evasivas sobre os combustíveis, Sócrates teve que responder a outros incómodos. A precariedade e o desemprego acabaram por entrar no debate.
O Bloco de Esquerda proporcionou ao primeiro-ministro a revelação da tarde. Desafiado para o compromisso de acabar com a precariedade no Estado – já são 120 mil! –, Sócrates revelou-se preocupado com o problema e prometeu, mais concretamente, “resolver o problema dos trabalhadores dos Centros Novas Oportunidades”. Quanto a tantos outros falsos recibos verdes na Administração Pública, Sócrates prefere “ver caso a caso, sem precipitações nem medidas gerais”, contrastando com a habitual (aparente) determinação. “O Ministro [Vieira da Silva] já garantiu que o Estado fará a sua parte” não serve para sossegar ninguém, porque já sabemos o que a casa gasta.
A terminar merece referência a greve de hoje dos funcionários não-docentes nas escolas. Pedem a integração, mais do que justa, dos precários e precárias, que há vários anos vêm assegurando o funcionamento do ensino público.
Tiago Gillot