Opinião: Precariedade no debate quinzenal (e um pouco por todo o lado…)

O Governo esteve hoje na Assembleia da República, para mais um debate quinzenal. José Sócrates, como costume, tomou a palavra, falou de “resultados” – uma insistência tonta e autista, mas que já deixou de surpreender –, voltou ao auto-elogio e irritou-se com as críticas. Nada de novo. Mas, além das vaidades do défice ou das evasivas sobre os combustíveis, Sócrates teve que responder a outros incómodos. A precariedade e o desemprego acabaram por entrar no debate.

O PCP confrontou o primeiro-ministro com os números do desemprego. Na semana em que o INE revelou que já há 75 mil pessoas que desistiram de procurar emprego e que os precários vão a caminho dos 2 milhões e recebem menos do que os outros trabalhadores, José Sócrates preferiu elogiar uma taxa de desemprego de “apenas” 7,6%.

O Bloco de Esquerda proporcionou ao primeiro-ministro a revelação da tarde. Desafiado para o compromisso de acabar com a precariedade no Estado – já são 120 mil! –, Sócrates revelou-se preocupado com o problema e prometeu, mais concretamente, “resolver o problema dos trabalhadores dos Centros Novas Oportunidades”. Quanto a tantos outros falsos recibos verdes na Administração Pública, Sócrates prefere “ver caso a caso, sem precipitações nem medidas gerais”, contrastando com a habitual (aparente) determinação. “O Ministro [Vieira da Silva] já garantiu que o Estado fará a sua parte” não serve para sossegar ninguém, porque já sabemos o que a casa gasta.

A terminar merece referência a greve de hoje dos funcionários não-docentes nas escolas. Pedem a integração, mais do que justa, dos precários e precárias, que há vários anos vêm assegurando o funcionamento do ensino público.

Tiago Gillot

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