Opinião :: Qimonda despede 490?
Portugal tem uma rede de PME bastante grande e em que se verifica um nível muito baixo de formação dos seus administradores. A aposta é no modelo de baixos salários e pouca formação, em geral, despreza o conhecimento.
O Estado passou para uma posição, no mínimo, equidistante entre patrões e empregados, contrariando ou sendo autista à posição altamente desprotegida e vulnerável dos trabalhadores. A concertação social e o diálogo entre Estado, patrões e trabalhadores é um engano. Os trabalhadores são chantageados todos os dias e hoje os governos ficam a ver, ou surfam a onda da exploração (veja-se ASP).
O capital, através dos Bancos, gozam de uma impunidade que lhes permite ditar quantos milhões ganham por dia com os juros que as pessoas lhes pagam de forma exorbitante. Ou seja, por cá as famílias Mello, Espírito Santo entre outras decidem qual a parte dos nossos salários que lhes será atribuída através da discricionariedade da imposição das taxas de juro e comissões bancárias.
A Qimonda vai ficar (em boa parte) nas mãos do Estado, do BES e do BCP, e desde Julho, quando disseram que manteriam 1000 postos de trabalho, já baixaram brutalmente o número de pessoas a manter. Ontem seriam já menos de 500.
Mas ontem também, com a disseminação brutal das reacções contra este autêntico escândalo (590 despedimentos), foram forçados a recuar e já não vão despedir 100 das 590 pessoas que estavam previstas.
A única coisa que verga o capital e os patrões é a pressão social que a força das posições dos trabalhadores pode impor. Estamos todos do lado dos trabalhadores da Qimonda. Estando o Estado, o BES e o BCP do outro lado, sabemos que é possível a manutenção de todos os postos de trabalho, mesmo que isso signifique a perda de receitas da banca.
Fica-nos a lição para todos os que lutam pelos direitos de quem trabalha. Queremos colocar a pressão do outro lado.
rUImAIA