Enquanto um mar de gente inundava a Av. da Liberdade em Lisboa e a Praça da Batalha no Porto, milhares de pessoas em mais 9 cidades do país, e noutras 8 cidades europeias, saíram à rua potenciando aquele que foi o maior protesto popular dos últimos tempos contra a precariedade e a austeridade sem fim.
Fartos dos seus trabalhos e vidas precárias e dos seus salários miseráveis, sem direitos, sem contratos, às vezes sem remuneração, sem emprego, sem garantias nem futuro e sem poder ter sonhos, 400 mil pessoas juntaram-se ensaiando uma experiência exemplar da ocupação do espaço público com partilha de opinião e proposta política. A diversidade verificada não corresponde apenas às várias gerações que se encontraram ali, naquele protesto, com exigências comuns, é também a da pluralidade de movimentos sociais que se misturaram com pessoas não organizadas, com e sem partido, mais ou menos comprometidas politicamente.
O todo heterogéneo susteve-se, contudo, numa linha forte de contestação que se traduziu na recusa da proposta da precariedade generalizada, de uma economia do desemprego, de políticas sem futuro.
Aquelas pessoas sabem pelo menos o que não querem e esse foi o ponto mínimo de acordo comum que se tornou suficiente e ao mesmo tempo tão forte para gerar esta mobilização que do facebook saltou para a rua, transformando o descontentamento virtual numa realidade de luta. A novidade de uma convocatória via rede social na internet tornou-se na novidade do protesto político amplamente participado.
Os números* e os locais dos protestos:
Lisboa (300 mil pessoas), Porto (80 mil pessoas), Braga (mais de 2 mil pessoas), Guimarães, Leiria (500 pessoas), Viseu (600 pessoas), Coimbra (100 pessoas), Castelo Branco (200 pessoas), Faro (6 mil pessoas), Ponta Delgada (400 pessoas), Funchal (200 pessoas).
Frente às Embaixadas de Portugal em Haia (40 pessoas), Londres (50 pessoas), Madrid (30 pessoas), Barcelona (62 pessoas), Berlim, Estugarda, Copenhaga e Paris.
*Estes são os números disponíveis na imprensa e os que nos chegaram informalmente através de contactos com amigos participantes nos vários protestos. Falta-nos saber melhor como correu a mobilização na cidade de Guimarães e nas restantes cidades europeias. Agradecemos toda a informação extra que nos chegar.