Os países mais 'preguiçosos' do mundo são também os mais ricos
Algumas vozes correntes, e em especial as que representam o Patronato, reclamam ser necessário trabalhar mais para aumentar a produtividade do país, se bem que as estatísticas digam que trabalhar em quantidade não é sinonimo de eficácia e de qualidade.
Nos países do Sul da Europa, Portugal incluído, o desemprego tem vindo a aumentar de forma galopante mas olhando mais a Norte, o panorama é totalmente diferente, com a queda do desemprego, ou taxas baixas, devido à redução do número de horas trabalhadas (ver notícia aqui).
De acordo com o relatório Employment Outlook da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), existem duas razões para os trabalhadores passarem menos horas nos locais de trabalho: a primeira, e a mais óbvia, é que os trabalhadores a tempo inteiro passam efectivamente menos horas no emprego. A segunda, é que o número de trabalhadores em part-time está a aumentar, influenciando assim as estatísticas, segundo o 24/7 Wall St..
Nos 10 países da OCDE com menos horas de trabalho, nove possuem o maior número de trabalhadores em part-time (não confundir com as situações de part-time involuntário como as que ocorrem em Portugal e que empobrecem os trabalhadores). A Holanda lidera o ranking de maior número de empregados em part-time, com 37,2%, o dobro da média da OCDE, e onde por exemplo cada vez mais as mães dispõem de facilidades e apoios.
Os países onde se trabalha menos horas também são dos países mais ricos da OCDE, curiosamente aqueles que nos têm vindo a emprestar dinheiro de forma directa ou indirecta, e que ao mesmo tempo são também onde se pagam os melhores salários e com as taxas de desemprego a caírem nos últimos anos ou a manterem-se estáveis.
Mark Keese, responsável da divisão de emprego na OCDE, referiu ao 24/7 Wall St. que a riqueza e a produtividade de um país desempenham um papel importante na estrutura de emprego no país, o que significa que devido à sofisticação tecnológica da indústria leva a que as pessoas trabalhem menos horas. Além de tudo isto e observando os hábitos e comportamentos sociais desses países podemos verificar que o tempo disponível para o lazer contribui significativamente para a dinamização de sectores como a cultura e toda a economia real associada, acabando por gerar mais emprego e crescimento económico resultante do aumento da procura desses serviços, se assim nos podemos referir a tal.
Não é possível apelar ao crescimento económico aumentando o número de horas da jornada de trabalho e diminuindo o valor dos salários como tem vindo a ser colocado em prática. Essa forma de organização laboral não deixa margem financeira e tempo para o lazer das famílias e impõe cada vez mais restrições e desregulações severas em termos sociais.






