Para inverter a crise demográfica é necessário uma melhoria no quadro das relações laborais
Numa entrevista à Notícias Magazine desta semana, o geógrafo Jorge Malheiros, professor universitário do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa e vice-presidente da Associação Portuguesa de demografia discute a crise demográfica que vivemos neste momento em Portugal e assume que é necessária uma melhoria no quadro das relações laborais para promover a natalidade.
Com níveis de emigração crescentes ao longo dos últimos 3 anos, aliados a um decrescimento da natalidade, Portugal arrisca-se a, daqui a trinta ou quarenta anos, ter menos dois ou três milhões de pessoas. Para mitigar este problema, que é sintoma de uma economia deficiente, Jorge Malheiros defende que é necessário acabar com o discurso de que “as pessoas não estão melhor, mas o país está”, porque o país são as pessoas e os cidadãos, e para ilustrar exemplos de políticas elege em primeiro lugar medidas de combate à precariedade: “Para inverter a tendência de crise demográfica, tem de haver no domínio económico uma clara política de criação de emprego e de melhoria do quadro das relações laborais. É preciso estabilidade para se ter filhos. Não se pode pedir às pessoas que os tenham num quadro de precariedade e vulnerabilidade, porque os filhos são para muito tempo, não são para seis meses, como os contratos de trabalho precários.”
A semana está de facto a correr mal para o Primeiro-Ministro, depois de na semana passada ter afirmado no Parlamento que em Portugal está a ser criada estabilidade e não precariedade, multiplicam-se os estudos e declarações que afirmam exatamente o contrário.
by