Passo de corrida em frente – Marche!
Mario Draghi, o presidente italiano do Banco Central Europeu, anunciou a recessão zona euro do próximo ano: -0,4 a -0,6% do PIB este ano e -0,9% a 0,3% para o ano. A receita da austeridade tem o resultado esperado. Também as pessoas terão cada vez mais a percepção correcta de que a austeridade e a troika nada têm que ver com economia ou crescimento – são apenas ideologias. Por isso, frente ao precipício carrega-se no acelerador: Passo de corrida em frente – Marche!
Passos Coelho repetia à náusea que em 2013 é que seria a recuperação. Ou em 2014. O IGCP, liderado por outro dos homens-fortes da Goldman Sachs, João Moreira Rato, para gerir a dívida pública, vem por seu lado dizer que “Portugal não tem pressa de voltar aos mercados”. Cavaco (graças a Deus!) e Passos reiteram que Portugal não é a Grécia. Samaras, primeiro-ministro grego, diz que 2013 será o “ano de viragem” na Grécia, como Passos dizia há uns meses no Pontal. Há uns dias o primeiro-ministro diz que afinal o orçamento de estado de 2013 é que é a garantia de que Portugal regressaria aos mercados em… 2014. E agora vem Draghi dizer que a recessão na zona euro está para ficar. A Alemanha e a França precipitam-se também para a estagnação e para a recessão. Mas quem é que faz assessoria de imprensa a esta gente? É que convém ter um guião para parecer que os absurdos repetidos diariamente na televisão fazem algum sentido. Ou então chamamos, como Ricardo Araújo Pereira sugere, chimpanzés para aparecer em frente à televisão e dizer soundbytes. “Se um chimpanzé fosse ministro das Finanças, talvez a dívida aumentasse, o desemprego subisse e a recessão se agravasse. Ou seja, ninguém notava.”
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