Passos Coelho vaiado na Feira do Livro de Lisboa

O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho foi ontem vaiado enquanto visitava a Feira do Livro de Lisboa, na companhia do secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas. Dezenas de activistas, que se encontravam no Parque Eduardo VII na sequência da manifestação da Primavera Global que ocorreu nosábado passado, confrontaram Passos Coelho com as opções políticas quelevam ao desemprego, à precariedade e à generalização da pobreza.
Apesar de, sob o olhar das câmaras no local, Passos Coelho ter parado uns segundos para ouvir uma das jovens que o conseguiu interpelar sem ser agarrada e arrastada para fora do local como outros o foram, ao invés de responder àmensagem que ela lhe tentava passar de preocupação e de participação social o, PM limitou-se a avisá-la que já estava atrasado e tinha de se ir rapidamente embora. Passos Coelho deveria seguramente estar com medo que as vozes de descontentamento o retirassem da ilusão em que finge viver, de que tudo estábem e que o povo o aplaude pelas oportunidades de desemprego com que tem sido presenteado. Apesar de apelar constantemente ao empreendedorismo e à proactividade, tentando subtilmente instalar um sentimento de culpa incapacitante em milhões de pessoas pela sua situação de desemprego ou precariedade, quando é interpeladopor cidadãos para discutir os problemas e propor soluções a resposta é esta: fazer ouvidos moucos, virar costas e partir.
Apela-se à colaboração do povo apenas e só na medida em que concorde com as medidas impostas pela troika com o apoio do Governo, pois tudo o que venha realmente de encontro às necessidades de justiça, educação e igualdade éignorado ou mesmo reprimido. Para Passos Coelho, o desemprego pode ser uma oportunidade fantástica para emigrar, como ele nos exorta a fazer, mas não deve ser encarado como uma oportunidade para reflectir e propor mudanças efectivas de melhoria da condição de vida. Quando as vaias lhe chegam e fica difícil manter a fachada de conformidade, sobra apenas a evidência da sobranceria e do autoritarismo deste regime da austeridade.
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