Patrão dos patrões esclarece: Lei do Trabalho cada vez serve para menos

Em entrevista ao Público, António Saraiva, presidente da CIP, esclareceu que os cortes efectuados a nível da legislação laboral retiraram todos os constrangimentos a uma exploração intensiva da mão-de-obra. O custo do trabalho por via da legislação laboral é atirado para baixo, objectivo firmado no memorando da troika e defendido pelo patronato. Saraiva pede ainda que sejam estendidas as suspensões dos contratos colectivos para que as horas extraordinárias continuem a ser pagas ao mínimo.

As leis que regem o trabalho, depois de severamente desmanteladas, já não constituem um obstáculo ao lucro das empresas, conclui António Saraiva. Os patrões pedem agora que pede agora que, depois do Governo da troika ter desmantelado as leis que protegiam os trabalhadores, passe à segunda fase do plano, financiando directamente as empresas. O patrão dos patrões defende programas massivos de fusões e concentrações das empresas, esmagando as PMEs para dar “competitividade internacional” ao tecido empresarial, utilizando mais uma vez o dinheiro da dívida pública, isto é, dos cortes aplicados a salários, pensões e serviços públicos, para financiar as empresas.

Apesar de Saraiva falar e representar apenas o interesse dos patrões (que nestes dias colide por vezes com o interesse da banca nacional e internacional, que dirigem directamente o governo através da troika), apresenta um plano em tudo semelhante ao “resgate” da troika, razão aliás pela qual defende um segundo resgate (programa cautelar). Os patrões querem agora acesso a um festim parecido com aquele a que a banca teve direito: destruída a legislação laboral (tal como havia ocorrido a desregulamentação da banca), as empresas querem receber dinheiro barato para, sobre os escombros de uma economia destruída, reembarcarem no lucro rápido, construído e pago mais uma vez à conta de quem trabalha, e desta vez sem restrições que tenham que ver com remunerar quem constrói toda a riqueza.

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