Patrões ao ataque

O Governo quer criar um fundo para financiar os custos dos despedimentos. Patrões aplaudem.
Todos os dias os vampiros estão na rua. Das capas dos jornais às rádios e televisões, todas as formas de propaganda contam para aprofundar e massificar o discurso que abre portas às práticas laborais sangrentas de quem quer, sempre e cada vez mais, sugar e explorar vidas alheias. Parasitas.
Num momento em que o desemprego atinge níveis históricos e a precariedade não para de crescer, a Segurança Social está a saque pelo capital financeiro. As ajudas que não existem para a população que está em dificuldades são transformadas em regalias para os mais poderosos. É o que representa esta proposta de fundos para ajudar quem quer despedir, ao mesmo tempo que promove o desemprego e a substituição de trabalho com direitos por trabalho precário. Um verdadeiro fundo de fomento à exploração. Incrivelmente, Vieira da Silva, ex-ministro do trabalho diz que esta proposta se enquadra com a preocupação de “facilitar a contratação”.
António Saraiva, patrão dos patrões, diz que a ideia tem “pernas para andar”. Pois tem, serão as pernas dos 2 milhões de precários que existem actualmente e de todos os outros que consequentemente se juntarão. Sabemos bem de que lado é que António Saraiva tem as suas perninhas…
Patrões e governantes, nacionais e internacionais, atropelam-se uns aos outros neste turbulento e violento discurso de falsas inevitabilidades. Competitividade, flexibilidade, modernidade, liberdade, produtividade, produtividade, produtividade, produtividade, produtividade,…. Querem fazer-nos crer que o caminho do desenvolvimento e do crescimento só pode ser sustentavelmente trilhado através da individualização e fragmentação das relações de trabalho,  pois patrões e trabalhadores são actores que actuam à mesma escala e que estão de igual para igual. E por isso, não há trabalhador nem patrão, somos todos colaboradores uns dos outros.  Assim, já dizia Ferreira Leite, todo o trabalho é precário.
Mas os factos falam por si: o número de pobres não pára de crescer e as grandes fortunas também não. À medida que a fragmentação do trabalho avança intensifica-se a degradação da qualidade de vida de uma grande fatia da população e aumenta o fosso que separa a classe baixa da alta. Não aceitamos a chantagem nem a ideia de que o único caminho a seguir seja a destruição, a precariedade. Nem acreditamos que esse seja o caminho para a produtividade e sustentabilidade das sociedades.
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