Patrões e governantes recusam subida de salário mínimo de 0,83€ / dia de trabalho
Patrões e governantes voltam a adiar a subida do salário mínimo para 500€ e, assim, o cumprimento do acordo de concertação social que data de 2006. O ano de 2011 iniciará com uma subida de 475€ para 485€ e a restante subida dar-se-á de forma gradual até Outubro 2011. Segundo a Ministra do Trabalho, Helena André, este valor será revisto em Maio e em Setembro. Subir o salário mínimo até Outubro de 2011, é o mesmo que dizer que a subida do salário mínimo para os 500 euros terá que ficar para 2012.
Este lento e atribulado caminho da subida do salário mínimo tem sido sempre marcado pelo discurso das impossibilidades económicas, da falta de competitividade das empresas, do desemprego, da inflexibilidade do trabalho, etc. chantagens e pedinchices propagadas pelas vozes do patronato e às quais o Governo sempre acudiu: a última subida dos salários foi suportada em 84% pelo Estado. Hoje o salário mínimo é mais magro do que há 36 anos atrás. Se desde 1974, ano em que o salário mínimo foi decretado, este tivesse sido actualizado em função da inflação, hoje seria de 562 euros.
Hoje foi recusada a subida dos salários a mais de 500 mil pessoas que vivem com dificuldades. Recusou-se assim assumir que o trabalho de toda esta gente vale mais do que realmente lhes é remunerado. Recusou-se assim a já magra subida acordada, de montante inferior a um euro por dia de trabalho, 0,83€, para aprovar a miserável subida de 0,33€ que não dá para tomar um café. É por esta diferença que António Saraiva, patrão dos grandes patrões se tem batido. António Saraiva e a sua claque opõem-se a este aumento, não tanto pelos 500 euros em 2011/2012, mas para garantir desde já que o salário mínimo se manterá inalterado nos anos subsequentes.
Bem sabemos que aquilo que realmente interessa ao patronato não é poupar tostões que nenhuma diferença fazem nas suas contas bancárias mas sim chantagear, fragmentar e enfraquecer a totalidade dos trabalhadores e a sua organização pela conquista de direitos. Mas não nos daremos por vencidos, organizemos o contra-ataque.
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