Paulo Macedo admite anular os concursos de 3,96€/h dos enfermeiros
O Ministro Paulo Macedo admitiu hoje após reunião com o Bastonário da Ordem dos Enfermeiros anular os concursos que colocaram na ARS de Lisboa e Vale do Tejo enfermeiros a receberem menos de 300 euros por mês. Ontem e hoje os Centros de Saúde de Santarém, Torres Novas e Entroncamento tiveram muitas das suas extensões fechadas por falta de profissionais que se recusaram a trabalhar. Trabalhadores e sindicatos deslocaram-se à ARS em protesto.
Os Precários Inflexíveis contactaram o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) que confirmou que após a reunião com o Bastonário o Ministro da Saúde terá admitido anular os concursos da ARSLVT com empresas de trabalho temporário (ETT) que colocaram enfermeiras e enfermeiros por três meses a falsos recibos verdes por um salário líquido entre os 250 e os 300 euros mensais.
Na reunião de ontem do SEP com a ARS de Lisboa e Vale do Tejo esta entidade terá atirado a culpa para cima das empresas de trabalho temporário mas a MedicSearch, uma das envolvidas, retorque que a culpa é da ARS que terá exigido que as empresas colocassem em 48h os trabalhadores a 50% do valor de referência para os enfermeiros, que era de 8,5€. O resto da descida de preço ter-se-á ficado a dever à competição entre estas empresas de subcontratação. A Autoridade para as Condições do Trabalho já terá contactado com o SEP para averiguar a legalidade dos processos de contratação e colocação dos enfermeiros através das ETT.
Os Precários Inflexíveis sabem que a maior parte dos enfermeiros colocados por este concurso já estavam nos mesmos centros de saúde com uma remuneração perto dos 6€ por hora. No entanto Helena Jorge do SEP informou-nos que as empresas de subcontratação anteriormente utilizadas pela ARS não pagaram os meses de Maio e Junho aos enfermeiros. Estes profissionais estão portanto expostos à voracidade total de empresas sem escrúpulos que não só oferecem salários de miséria a trabalhadores qualificados como depois não lhes pagam! O Ministério da Saúde utiliza este expediente para, através da ARS e das empresas de trabalho temporário, não ter de pagar a Segurança Social a enfermeiras e enfermeiros. Para cúmulo introduziu recentemente o pagamento dos actos de enfermagem no Serviço Nacional de Saúde, dificultando o acesso aos utentes. Atira portanto os seus profissionais para as mãos de empresas de subcontratação em trabalho temporário, destruindo os serviços e humilhando a mão de obra qualificada da Saúde que cada vez mais vê como única saída a emigração.






