Portugal, Espanha e Polónia :: Elevadas taxas de trabalho a prazo e de desemprego
Hoje são divulgadas notícias que mostram que Portugal não tem qualquer falta de flexibilidade laboral, é aliás o 2º país da Zona Euro, e o 3º da Europa dos 27 com mais contratos a prazo. No entanto, Portugal tem a 4ª maior taxa de desemprego da União Europeia.
Mais interessante ainda é verificar que os três países com maior incidência de trabalho a prazo (e precário): Polónia (26,5%), Espanha (25,4%) e Portugal (22%) estão acima da média da taxa de desemprego da UE27. A Espanha é, aliás, uma das campeãs do desemprego:
- TxDemprego-Polónia: 9.6%
- TxDemprego-Portugal: 10.8%
- TxDemprego-Espanha: 20.0%
A rigidez do mercado de trabalho em Portugal é sempre apontada como entrave ao desenvolvimento económico e à produtividade das empresas. Na prática, associa-se o discurso da produtividade aos trabalhadores e não às empresas, o que é intencional da parte dos governos e dos patrões porque lhes serve de argumento para diminuir os salários e o custo do trabalho no seu todo. Eles bem sabem que os trabalhadores são apenas parte das organizações, mas é nos custos do trabalho que cortam para aumentar mais facilmente os lucros ou dividendos. Assim é fácil, quando os governos são cúmplices.
Os cerca de 700 mil desempregados e 2 milhões de trabalhadores precários de Portugal bem sabem que flexibilidade é aquilo que não falta nas suas relações contratuais, legais e ilegais. Pelo contrário, falta conhecimento aos gestores e patrões (ver Qualificação média dos patrões é bastante inferior à dos trabalhadores), e faltam muitos direitos e estabilidade para ser possível desenvolver trabalho coerente e de profundidade nas empresas, de forma a construir organizações e uma economia que funcione.






