Portugal teve o segundo maior aumento da diferença salarial entre homens e mulheres

Crise s. f. (latim crisis, -is, do grego krísis, -eós, ato de separar, decisão, julgamento, evento, momento decisivo) 1. [Medicina] Mudança súbita ou agravamento que sobrevém no curso de uma doença aguda (ex.: crise cardíaca, crise de epilepsia); manifestação súbita de um estado emocional ou nervoso (ex.: crise de choro, crise nervosa). 2. Conjuntura ou momento perigoso, difícil ou decisivo. 3. Falta de alguma coisa considerada importante (ex.: crise de emprego, crise de valores). 4. Desigualdade social.

Segundo noticiou o Público, o relatório da Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais (FRA) revela que a diferença salarial entre homens e mulheres aumentou 3,6% em Portugal entre 2008 e 2010, a segunda maior subida nos 27 países da UE.

O relatório anual da agência, que foi apresentado ao Parlamento Europeu em Junho passado e incide exatamente sobre o período do início da crise financeira e anos subsequentes, avança que a diferença salarial entre homens e mulheres diminuiu 1% na União Europeia entre 2008 e 2010, mas as mulheres ainda recebem, em média, menos 16,4% do que os homens por cada hora de trabalho. Em Portugal, essa diferença ronda os 13%.

As menores diferenças encontram-se na Eslovénia (4,4%), Itália (5,5%) e Malta (6,1%), ao passo que as maiores disparidades estão na Áustria (25,5%), República Checa (25,5%) e na Alemanha (23,1%).

Entre os 27 Estados-membros, apenas sete registaram aumentos da diferença salarial e os piores foram a Letónia (4,2%), Portugal (3,6%), a Roménia (3,5%) e a Bulgária (2,1%). Dos 15 países que registaram reduções da diferença salarial, os melhores foram a Lituânia (-7%), a Eslovénia (-4,1%), Malta (-2,5%) e o Reino Unido.

O relatório anual analisa a situação dos direitos fundamentais na União Europeia a quatro níveis – liberdades, igualdade, direitos dos cidadãos e justiça. Ler mais na notícia do Público.

A igualdade na lei não chega para transformar a vida real e os momentos de crise revelam-se oportunidades de ouro para retirar direitos e escavar mais fundo no estigma, nas discriminações, na desigualdade social.

As vidas das mulheres que vivem em Portugal estão mais difíceis porque mais austeras, mas também porque o sexismo persiste e é reiterado sempre que possível pois dá lucro aos patrões (mão-de-obra mais barata ) e à sociedade que assim se organiza para explorar as eternas escravas do lar.

Um estudo da OCDE, “Society at a Glance 2011”, revelou que, em Portugal, as mulheres ainda despendem mais quatro horas do que os homens em trabalho não pago. Os homens gastam, por dia, pouco mais do que uma hora e meia.

Portugal é então um dos países onde há mais diferenças de género no que toca à divisão das tarefas domésticas.

A análise inclui 26 países da OCDE e, ainda, China, Índia e África do Sul. Portugal surge como o quarto onde a diferença entre mulheres e homens é maior, no que respeita a trabalho não pago. São elas quem mais o faz, acarretando uma jornada dupla de trabalho. Só na Índia, no México e na Turquia é que esta diferença é maior.

E, se juntarmos o trabalho pago e não pago, então Portugal é o segundo país, a seguir à Índia, onde a disparidade é maior entre homens e mulheres, sendo sempre elas quem trabalha mais.

«Nem escravas do lar, nem do capital», gritamos.

Entre as tarefas de uma associação de combate à precariedade está a luta pelos direitos laborais, a ação contra a exploração, a exigência da igualdade a todos os níveis. Não aceitamos meias lutas.

Facebooktwitterredditlinkedintumblrmailby feather