Precariedade nos Super e Hipermercados

Desde o passado Domingo que os hipermercados já abrem aos fins de semana. E até parece que dá jeito a muita gente. Pois a semana de trabalho não deixa tempo para nada. Trabalha-se mais de 8h por dia, 5 ou mais dias por semana, acumulam-se vários ofícios precários, leva-se trabalho para casa e concilia-se com as tarefas domésticas… Enfim, trabalha-se demais, os salários são magros e fica-se sem tempo para viver. Assim, dá mesmo jeito ter os hipermercados abertos, onde se pode fazer todo o tipo de compras e de preferência para a semana inteira. Com a abertura destas grandes superfícies fecham-se milhares de pequenos comerciantes que não conseguem ter clientes, pois os critérios de escolha de uma população com mais de 2 milhões de pobres, com dois milhões de trabalhadores precários e 700 mil desempregados, resumem-se ao preço mais barato e à possibilidade e facilidade de acesso. Em consequência destroem-se milhares de postos de trabalho seguros para os trocar pelo trabalho precário e mal remunerado que alimenta as grandes superfícies – autênticas catedrais da precariedade.

Sabem-no os trabalhadores do Pingo Doce, do Continente, do Jumbo, do Feira Nova e de todas as outras cadeias. São precários com contratos a prazo, recibos verdes, mediados por ETT’s, etc. com salários baixos, trabalham horas extraordinárias muitas vezes não remuneradas, praticam horários de trabalho rotativos que trituram consciências e são muitas vezes chantageados com sistemas injustos de avaliação de rentabilidade no trabalho. Trabalham sobre arbitrariedade das ordens de chefias (por vezes precários também) e têm uma progressão de carreira altamente limitada ou nulos.
Quem conhece de perto este sistema e reconhece nele muitas vantagens é, por exemplo, Soares dos Santos, dono da cadeia Pingo Doce (da Jerónimo Martins), que em 2010 viu a sua fortuna aumentar 52%, ocupando o 4º lugar entre os mais ricos de Portugal, com uma fortuna avaliada em mais de mil milhões de euros. Realmente, Jerónimo tem motivos para dizer: “sabe bem pagar tão pouco” – aos trabalhadores.

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