Precários pela chantagem da crise e do desemprego
Hoje, vários foram os artigos de jornal a dar conta de uma realidade que tem sido bastante badalada neste blog: os precários pagam a crise.
Com base nos números da segurança social relativos aos descontos, entre 2007 e 2009, constata-se uma enorme redução do número de trabalhadores com ordenados mais baixos e um ligeiro aumento do número com ordenados mais altos. Isto é, a crise tem afectado sempre, muito mais, os trabalhadores com ordenados mais baixos e em condições mais precárias e são, também, estes que são mais afectados pelo desemprego. Por outro lado, alguns (poucos) têm lucrado, e muito, com esta crise, pois as grandes fortunas não param de crescer à custa da precariedade que nos querem impor a todos como uma inevitabilidade.
A crise tem sido a desculpa para a chantagem, imposta por patrões e governantes, que degrada a qualidade de vida daqueles que, por si, já representam o conjunto de trabalhadores mais frágeis e com menos direitos, os precários. São estes que são mais afectados pela sub-valorização do trabalho, pelo desemprego, pela ausência de apoio social e pelas políticas que favorecem quem semeia a precariedade e colhe os seus frutos pela exploração de milhões de precários chantageados.
« Em Dezembro de 2008, quando o INE já assinalava uma quebra do emprego desde o terceiro trimestre, o número de assalariados com descontos para a Segurança Social ainda subiu – passou para 3.204.279 pessoas (mais 15 mil). Mas juntando os “independentes” sem pessoal a cargo (que abrange os “falsos recibos verdes” e que passaram de 307,5 mil para 284,6 mil num ano), a tendência batia com a do INE. O emprego caiu 0,2 por cento. Ou seja, quando a crise apertou, os contratos mais precários foram os primeiros a quebrar. E desde 2008 até ao final de 2009 desapareceram mais 54,3 mil postos de trabalho “independentes”. » (Público)
« Que tipo de salários foram mais afectados? Os mais baixos, os salários inferiores a 500 euros. De 2007 para 2008, foram abatidos 121 mil desses postos de trabalho. E de 2008 para 2009, mais 125 mil. E é de admitir que esta quebra esteja subavaliada porque não se conhece os rendimentos dos “independentes”, já que podem escolher o escalão pelo qual descontam para a Segurança Social. A quase totalidade fê-lo pelo valor mínimo. » (Público)
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