Precári@s com Motorista e Mercedes Benz – a FNAC no dia da Greve Geral
FNAC pressiona e reorganiza ilegalmente trabalhadores para furar a lei da greve.
Recebemos a informação de que amanhã, dia 24, dia da Greve Geral, a FNAC pondera pagar deslocações de taxi aos seus trabalhadores. Por um dia, estes precári@s terão direito a um motorista que os conduzirá ao seu local de trabalho. Parece que podemos já antever uma comitiva imensa de Mercedes Benz em direcção aos centros comerciais. Serão chefes de estado? empresários de sucesso? Não. São precári@s!
Ainda que alguns destes precári@s venham a dividir o taxi, todos sabemos que a corrida não está nada barata. Pasme-se: a FNAC também pondera reembolsar os seus precários por esta despesa. Bastam uns quantos tinteiros, um disco rígido e uns exemplares do último romance do José Rodrigues dos Santos para cobrir tal encargo.
Contudo, e a título de excepção, alguns dos superiores hierárquicos até já se ofereceram para dar boleias de casa para a loja. Mas é mesmo a título de excepção: carro é status e afirmação, em parte, uma forma possível de celebração do individualismo. Seria impensável começar a dar boleias ao precariado numa base diária, isso poderia levar a que parentes caíssem numa lama qualquer.
O plano de mobilidade engendrado pela FNAC não pára de nos surpreender.
O mapa habitual de folgas foi completamente esquartejado. Foi criado um novo mapa baseado num critério claro: quem mora mais longe, fica de folga nesse dia. Os trabalhadores que moram mais perto, e que eventualmente até se possam deslocar a pé de casa para a loja ficam escalonados para trabalhar nesse dia.
Com vínculos laborais precários, é mais difícil que estes trabalhadores adiram à Greve, e aparentemente a FNAC tudo fará para que a falta de mobilidade na cidade prevista para esse dia não sirva de justificação para ausências, que poderiam afectar mais um dia de facturação milionária.
Esta pressão que a FNAC está a exercer sobre os trabalhadores prova que eles, os patrões, precisam da nossa força de trabalho para obter lucro. Ao contrário de argumentos absurdos que por aí se ouvem como ”As greves fazem-se ao fim-de-semana.”, afirmamos que as greves são feitas em qualquer dia, desde que durante esse dia a produção da empresa seja afectada. Só isso permite relembrar os patrões de que o seu lucro depende da nossa força de trabalho e da exploração das nossas vidas.
Há muito que a FNAC foi identificada como uma das cadeias de lojas que mais precariza os seus trabalhadores – ver vídeo do MaydayLisboa2010 – e, como tal, só poderemos desejar que também aqui a Greve seja forte, e que mesmo com todas estas artimanhas, no dia 24 a FNAC não tenha trabalhadores em número suficiente para abrir portas.
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