Primavera Global – texto lido hoje no Chiado em conferência de imprensa

A Organização Primavera Global, lançou hoje o seu primeiro grito público, transcrevemos aqui o texto lido hoje no Chiado, às 18h, em conferência de imprensa:

« Somos a Primavera Global PT. Este não é um manifesto mas um apelo à acção pela reconstrução do comum.

Somos uma rede composta por cidadãos e cidadãs, activistas, movimentos sociais, colectivos e associações,… e por todas e todos os que, em conjunto, de forma pacífica e descentralizada, com diversidade e autonomia, queiram construir e concertar novos modelos de organização, sustentáveis, solidários e mais democráticos.

Promovemos a Igualdade e a Liberdade e somos contra qualquer tipo de discriminação – de género, racista, fascista, xenófoba ou outra.

Somos a Primavera Global PT. A Primavera Portuguesa que se associa à Global Spring – um apelo internacional que lançou uma nova data de Acções Globais – de 12 a 15 de Maio. Chegou a altura de juntarmos uma vez mais as vozes numa acção global.»

« Por isso, a 12 de Maio sairemos à rua não só em Lisboa mas em várias localidades do país. Propomos a multiplicação de iniciativas que, no mês de Maio, façam confluir novas narrativas inclusivas…narrativas que hão-de emergir das ruas, praças, locais de trabalho, bairros, por pessoas que procuram criar laços comunitários alternativos. Faremos de Maio um mês em que as Ideias Saem À Rua. A Primavera de novas ideias para um futuro diferente.

Somos pessoas que se organizam, exigem e criam trabalho com direitos; que combatem a discriminação e a opressão; que reclamam direitos de cidadania para todos e todas; que reclamam educação e cultura; jovens, idosos, famílias, pessoas que se fazem ouvir à escala global.

2011 ficou assinalado por diversos protestos em todo o mundo, das primaveras árabes, aos movimentos de Indignação na Europa, ao Occupy nos Estados Unidos, entre tantos outros. Inúmeros colectivos locais, iniciativas de transição, assembleias de bairro ou movimentos sociais, organizaram-se numa contestação inédita propondo alternativas a uma sistema em falência, promovendo espaços de reflexão mas também criando novos modos de gestão colectiva e de partilha comunitária.

Acreditamos que a utopia se constrói no dia-a-dia, quando tomamos o mundo nas nossas mãos. Essa é também a nossa revolução: a construção de uma sociedade alternativa e a promissora capacidade de mudança em cada um de nós. A crise económica, a precariedade da vida e a destruição do planeta que ameaçam o futuro da humanidade são fenómenos globais e exigem respostas globais, mas também acções locais e de cada um nós.

Todos juntos queremos criar um comum mais humano. Por isso, não defendemos apenas a responsabilização sobre a corrupção no exercício do poder, não lançamos apenas auditorias cidadãs para apurarmos a verdade; não exigimos apenas que os bancos sejam responsabilizados pela crise que desencadearam; ou lutamos apenas pela defesa dos serviços públicos e dos recursos estratégicos do país; não reclamamos apenas liberdade de expressão na rua e Internet livre; não reivindicamos apenas trabalho com direitos e direitos de cidadania para todos e todas, somos também apologistas de uma economia social solidária, responsável e criativa, que promova modos de vida mais sustentáveis, que não ponha em risco o nosso presente e o futuro dos nossos filhos e que não destrua o nosso planeta. E, por isso, queremos reinventar a democracia, inspirados em valores como a participação, partilha, transparência, justiça social e a protecção ambiental.

Para nós a realidade e a construção de um mundo mais justo não passam pela negociação política, no sentido tradicional de competição e distribuição de poder. Interessa-nos o que está acontecer à nossa volta nas fábricas, escolas, prisões, empresas, bairros, aldeias e famílias. Queremos criar um sistema em rede de apoio e inter-ajuda. Em nosso entender, a indignação pode dar agora lugar, de forma articulada, à produção de novos imaginários mobilizadores e inclusivos.

Por isso apelamos a que todos se juntem neste propósito de construirmos juntos o futuro. E o apelo é o de desenharmos, debatermos e organizarmos aquela que poderá ser a Primavera Global.Pt, em vários pontos do país, onde este apelo de indignação e mudança se faça sentir.

A Primavera está a chegar,
Faremos dela um maio, maduro maio!

Primavera Global PT »

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