PT: 600 trabalhadores em pré-reforma. Afinal, o governo quer subir ou descer a idade da reforma?

A subida da idade da reforma para os 67 anos, tantas vezes anunciada como uma necessidade para assegurar a sustentabilidade da Segurança Social, colide com a prática empresarial quando se trata de substituir trabalhadores com direitos por trabalhadores precários. Perante esta posição bipolar do patronato (e do governo) em Portugal, seria interessante saber o que pensa o governo do anúncio da suspensão ou pré-reforma de 600 trabalhadores da PT, empresa onde o estado detém uma estrutura accionista decisiva. Irá o trabalho realizado pelos 600 trabalhadores ainda com direitos ser substituído por trabalhado precário e com poucos direitos? Corresponde este corte de trabalho à supressão de capacidade da empresa?

Como vimos afirmando, uma das formas de assegurar a sustentabilidade da Segurança Social seria por exemplo realizar a recuperação de dívidas (nas contribuições) das empresas que perfazem uma soma aproximada de 6,6 mil milhões de euros. O governo, que lança sucessivas linhas de apoio directo ou indirecto às empresas, devia também rever o impacto de opções como o layoff, que sobrecarregam a Segurança Social, colocam os trabalhadores numa situação que quase sempre resulta em desemprego, apenas com o objectivo de aliviar as empresas de encargos sem qualquer qualquer perspectiva de diminuição do desemprego.
Independentemente da aceitação ou não das condições de pré-reforma pelos trabalhadores, o Estado, na voz do governo actual, tem de responder se defende ou não a antecipação da idade de reforma como forma de aumentar a empregabilidade dos mais jovens sem que exista perda de direitos no trabalho, ou se, por outro lado, defende que os trabalhadores com direitos devem ser reformados o mais depressa possível para que se abra o mundo da precariedade aos novos trabalhadores, neste caso da PT, seja por contratação directa, seja por intermédio de ETTs.
Ver
Nota: O ex-ministro da Economia, Manuel Pinho, depois de sair do governo foi leccionar para Nova Iorque com o patrocínio de 3 milhões de euros da (nossa) EDP de António Mexia. Este professor aplicado lecciona apenas 4 horas de aulas diárias porque já se sente cansado, “não é nenhum menino”, segundo as suas palavras. Manuel Pinho tem 56 anos e nós também achamos que é necessário ter direito ao descanso, mas isso independentemente da posição social.
Facebooktwitterredditlinkedintumblrmailby feather