PT quer despedir milhares de precários

Depois dos administradores e accionistas da Portugal Telecom terem destruído milhares de milhões de euros remunerando-se durante anos com bónus insanos e culminando num resgate de 900 milhões de euros ao Banco Espírito Santo, a PT pretende neste momento realizar um despedimento colectivo de milhares de trabalhadores precários, tendo declarado a intenção de vir a cortar nos 16 mil trabalhadores que utiliza abusivamente em esquemas de outsourcing.

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Durante os últimos anos a Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis denunciou publicamente múltiplos casos em que a Portugal Telecom, gerida por Zeinal Bava ou Henrique Granadeiro, utilizou empresas de trabalho temporário para poder manter mais de metade da força de trabalho da PT fora das contas da empresa. As múltiplas PT Contact, PT Sales, espalhadas pelo país: em Lisboa, no Porto, em Coimbra, Castelo Branco e vários outros locais foram o campo de precarização que permitiu a esta empresa defraudar dezenas de milhares de trabalhadores, técnicos qualificados, operadores de call center, de manutenção e muitos outros, impedindo-os de aceder aos seus plenos direitos e salários enquanto trabalhadores.

Hoje, perante o massivo rombo que a gestão ruinosa da PT feita por Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, que distribuiu 11,5 mil milhões de euros de dividendos aos accionistas desde 2000 e que na hecatombe do grupo GES enterrou 900 milhões de euros da empresa nesse banco, a escolha da nova administração da PT é consumar o saque aos trabalhadores precários e realizar um despedimento colectivo de milhares daqueles que foram durante anos mantidos em relações laborais muitas vezes ilegais e fraudulentas. O outsourcing da PT é um exemplo acabado do modelo do trabalho temporário: captura de salário pelas ETT, não reconhecimento do óbvio vinculo laboral entre os trabalhadores e a PT e a exposição total à arbitrariedade de uma empresa que se recusou durante décadas a assumir os trabalhadores que empregava. Para tal a empresa contou com empresas de trabalho temporário como a Kelly Services, a Tempo Team, a Randstad, a Manpower ou a Adecco, além de outras empresas usadas para trespasses como a CRH ou a Newtime.

Estes trabalhadores da PT não são descartáveis. Os trabalhadores da PT que são mantidos em regime de outsourcing são essenciais ao funcionamento da empresa, sendo vítimas de uma gestão ruinosa, que se remunerou durante anos a peso de ouro a partir da desvalorização salarial destes trabalhadores. Bava e Granadeiro receberam 1,36 milhões de euros da PT em 2013, descontando dividendos.

A Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis solidariza-se com estes trabalhadores e entrará em contacto com os mesmos nos próximos dias.

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