Quando nem o emprego tira as pessoas da pobreza…
Um estudo apresentado hoje revela ter um emprego não garante, para uma parte considerável da população inquirida, a saída do estado de pobreza.
A equipa do ISCTE* e do CESSSUC** inquiriu centenas de pessoas que são assistidas pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a quem a Segurança Social fica aquém das necessidades. Uma das conclusões é a falta de articulação entre as políticas de emprego, as políticas de educação e as políticas sociais. (Mais informação sobre este estudo aqui.)
Num momento em que o Governo lança medidas de austeridade sobre as vítimas da crise, num momento em que reduz o apoio a desempregados/as, são estas pessoas (as inquiridas e todas as outras nas mesmas situações) que primeiro perdem o barco e se perdem de qualquer caminho que lhes permita fazer parte da sociedade e contribuir para ela. O momento em que as pessoas são obrigadas a aceitar trabalhar cada vez mais por cada vez menos salário e apoio social (como o acesso a serviços públicos de qualidade) é o mesmo momento em que os grandes salários e os grandes prémios para pessoas supostamente indispensáveis não serve para amortecer os efeitos da crise em quem mais sofre com ela.
Talvez haja é quem esteja esquecido que indispensáveis são as pessoas que trabalham e não as que vivem do trabalho das outras. E esteja esquecido também de que estas pessoas indispensáveis não podem dispensar direitos (os que têm vindo a diminuir). Talvez haja quem queira esquecer a importância da Segurança Social, para depois dizer que afinal é melhor acabar com ela. E são as mesmas pessoas que devem estar esquecidas que a Segurança Social é um direito conquistado pelas lutas dos/as trabalhadores/as e corresponde à solidariedade social que mais valor tem em periodos de dificuldade como o que atravessamos agora.
* Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa
** Centro de Estudos de Serviço Social e Sociologia da Universidade Católica
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