Quem parte em 2013 | Opinião

emigrantes portugueses 1[1]Esta época é tempo de reencontro e mas também da recorrente despedida.

Na última semana reencontrei vários amigos/as emigrados.

Nesta época regressam por pouco tempo a Portugal, vêem a família, encontram-se com os amigos que ficaram para trás. E as despedidas.. essas não há forma de as encarar senão com crescente normalidade. Parece que já nada é definitivo, e de cada ano que passa são mais os que partem.

Uns emigraram para continuar a estudar depois de se licenciarem, outros para trabalhar depois de não arranjarem emprego, e outros regressam também de trabalhos temporários que terminaram, sem grandes perspectivas para onde continuar.

Todos têm o mesmo denominador comum: gerem a vida aos soluços, sem perspectivas de uma carreira continuada, como se dum jogo de cartas de tratasse: vão acumulando “cartas” com a esperança de que servirão para as futuras jogadas, quem sabe triunfantes. Só que simplesmente o jogo acabou e ficaram com as mãos cheias de cartas e ninguém que as queira aproveitar pelo que valem.

Esta emigração, a emigração forçada, é um indicador claro da agudização da política de precariedade e de devastação do emprego a que este governo PSD/CDS nos trouxe. Esta emigração não é uma oportunidade de internacionalização das carreiras, como nos querem fazer crer. Nunca uma emigração por falta de alternativas o é. E esta negação não é ser piegas ou ter vontade de ficar em zonas de conforto. É sim reconhecer o fracasso desta governação, que não sabe aplicar o conhecimento e a inovação que é produzida no seu país, nas universidades, nos centros de investigação, nas empresas. Que se alicerça na podridão dos interesses económicos, para nos chantagear os empregos e vidas, com ajudas externas e Troikas.

Desde que entrei para a faculdade que trabalho. Tive todo o tipo de contratação, menos o de um contrato sem termo. Falsos recibos verdes, contratos a prazo, empresas de trabalho temporário, trabalho informal e bolsas. Em todos fui precária. Em todos achei que era uma condição temporária. A verdade é que a vida vai passando e a condição é sempre a mesma. Licenciatura, Mestrado, Doutoramento.

Vidas a prazo. A minha e a de todos os que me rodeiam. Contratos precários, desemprego, emigração, desemprego outra vez.

O que me espera em 2013? Certamente continuar a lutar.

Para derrubar este orçamento, para mandar para a rua este Governo e acabar com reset que querem fazer às nossas vidas e ao país.

Diana Neves – Investigadora

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