Rebuçados com pouco açucar

Parece que a receita do cozinheiro Sócrates não tem suficiente açúcar para as amargas vidas das pessoas que vivem dos 500 euros mensais.

Ano após ano, os aumentos esmagam literalmente as migalhas e rebuçados que caiem de cima da mesa de alguns através de benecesses pré-eleitorais. Não será certamente o congelamento dos passes sociais e a subida do abono de família para quem trabalha a recibos verdes que vai alterar o pano de fundo da situação.

Pelo contrário, estas medidas destinam-se a prolongar e acalmar o frenesim e “nervosismo” social que se vai sentindo por aí.

Já ninguém aceita ouvir falar em mais dificuldades enquanto ouvimos os lucros gigantes dos Mello e Amorins a aumentar espectacularmente em cada três meses.

Ninguém tolera que nos remetam a mais dificuldades enquanto os governos, que nos repetem a ladainha do défice e do aperto-do-cinto, injectam 20 mil milhões de Euros nos bancos para os senhores das fortunas terem uma almolfadinha para não se magoarem na descida da montanha russa das Bolsas e da especulação.

Em Portugal os 4 portugueses mais ricos têm o equivalente a 4,9% do PIB português. É muito, para um país onde tantos têm tão pouco. É mesmo muito, para um país onde muita gente que trabalha, pede comida ou um cobertor nos centros de apoio.

A precariedade existe, está a generalizar-se e a destruir muitas vidas, enquanto alguns vivem dos rendimentos e da exploração. Queremos e vamos dar tudo para acabar com isto. Vamos comer os rebuçados que nos dão, mas vamos querer aquilo que é nosso, e é bem mais do que um ou outro rebuçado.

Ver reportagem RTP:

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