Regularização de dívidas Seg. Social: Precários enviam queixa ao Provedor de Justiça | Processo marcado por ameaças de prisão e dificuldade de acesso à informação

provedoriaO regime excepcional de regularização de dívidas, em vigor até ao próximo dia 20 de Dezembro, está a ser uma verdadeira chantagem para os trabalhadores a recibos verdes. Apesar do Governo ter anunciado este período extraordinário como uma oportunidade para “permitir o reequilíbrio financeiro dos devedores”, os trabalhadores precários com dívidas à Segurança Social foram confrontados com um tom ameaçador e uma grande dificuldade em interagir com os serviços para obter esclarecimentos. Porque consideramos que os direitos elementares dos cidadãos estão em causa, a Associação de Combate à Precariedade remeteu queixa ao Provedor de Justiça, esperando que possa actuar em defesa dos milhares de pessoas afectadas (ver queixa ao Provedor aqui).

Para os trabalhadores a recibos verdes, este período extraordinário, que supostamente deveria facilitar a regularização de dívidas, começou com uma comunicação da Segurança Social em que, de forma imprecisa e indiscriminada, se fazia referência a consequências penais associadas à situação de devedor. É totalmente inaceitável que, no momento em que se alerta para um regime transitório, a primeira palavra para com os trabalhadores precários seja a ameaça de prisão – com uma formulação dúbia, sem rigor ou referência à base legal dessa ameaça, feita de forma desproporcionada e indiscriminada.

Acrescentam-se a este clima de intimidação as habituais barreiras na obtenção de informações e esclarecimentos. O acesso ao atendimento é difícil, as informações são escassas e é limitada a possibilidade de esclarecer e contestar a origem e os valores da dívida. Situação tanto mais grave quanto, em particular nos últimos anos, se abalou a base de confiança dos trabalhadores a recibos verdes na Segurança Social, devido aos sucessivos erros na definição do valor dos descontos e à forma cega e autoritária como são desenvolvidos os processos de cobrança de dívidas.

Este regime é excepcional, mas para os trabalhadores a recibos verdes estão reservados o desprezo e a falta de rigor habituais. O ministro Pedro Mota Soares volta a não preparar os serviços para responder às necessidades dos trabalhadores precários. E, o que é ainda mais grave, está descaradamente a tentar aproveitar este regime excepcional para intimidar quem trabalha a recibos verdes, transformando-o numa arma de arremesso: não só para chantagear os precários desde já; mas também procurando uma legitimação para continuar e até intensificar as cobranças cegas e sem atender às situações dramáticas e injustas, logo que este período termine.

Estamos certos de que o Provedor de Justiça irá actuar por forma a obrigar o Governo a corrigir esta situação, protegendo os trabalhadores a recibos verdes e garantindo o acesso aos seus direitos.

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