Relatório aponta para 25 mil precários nas autarquias

As notícias de hoje revelam o conteúdo do mais recente relatório sobre os recursos humanos nos municípios portugueses, da responsabilidade da Direcção Geral das Autarquias Locais (DGAL). Segundo o Correio da Manhã, os dados apurados pela DGAL, referentes ao ano de 2008, revelam que cerca de 20% dos trabalhadores e trabalhadoras das autarquias têm vínculo precário. Concretamente, 18% correspondem a contratos a prazo e 2% a recibos verdes. No total, estamos a falar de cerca de 25 mil pessoas.

Estes dados revelam a dimensão do escândalo que levou a que os Precários Inflexíveis tenham avançado recentemente com a iniciativa Autarquia Sem Precários. Sabíamos bem que havia razões de sobra para exigir responsabilidades aos autarcas e para ouvir os trabalhadores que vivem silenciados pelo medo. Como afirmámos no final da campanha, os resultados obtidos e a dinâmica de contacto e informação que dela resultou, deixa-nos a certeza de que nada ficará como antes. Se décadas de irresponsabilidade e agressões aos direitos dos trabalhadores dos municípios contaram a com o apoio do silêncio, agora já ninguém pode dizer que não sabe o que se passa. O escândalo está aí para quem o quiser ver. A DGAL foi, aparentemente, a primeira entidade pública a perceber que os movimentos de precários e sindicatos não podem ser os únicos a denunciar esta situação. Agora falta que assuma as suas responsabilidades quem as tem: os 308 novos executivos camarários estarão sob escrutínio permanente e têm toda a obrigação – até porque, em 90% dos casos, governam com maioria absoluta… – de acabar com esta vergonha.

Estaremos atentos, como sempre. E, mesmo tendo já terminado a iniciativa Autarquia Sem Precários, continuamos a apelar a todos os trabalhadores e a todas as pessoas que conhecem a precariedade nas autarquias para que partilhem os seus testemunhos. Terminar o silêncio ajudará a vencer o medo e a criar condições para as respostas e as formas de organização que hoje nos parecem longe. E, está bom de ver, só assim iremos convencer quem de direito que não vai poder ser assim para sempre.

notícias aqui ou aqui, por exemplo.

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