Relatos da insurreição turca (2)

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Neste momento há um estado insurrecional na Turquia. Zeynep Özdal, uma activista turca da Associação de Combate à Precariedade que esteve até há pouco tempo em Portugal, está desde o primeiro dia na Praça Taksim, centro dos protestos, e envia-nos o seu testemunho na primeira pessoa.

A Zeynep está neste momento na Praça Taksim, local onde começaram os protestos. Há milhares de pessoas na praça, que está barricada por todos os lados. As pessoas estão a limpar a praça e a replantar as árvores que foram destruídas durante os conflitos. Em Besiktas, local onde está feito um cerco para tentar ocupar o gabinete do Primeiro-Ministro Erdogan, as pessoas do bairro estão a abrir as portas para que os manifestantes possam abrigar-se da polícia.

Este protesto foi iniciado principalmente pela população mais jovem mas neste momento já está toda a gente envolvida, vários sectores da sociedade. Desde militares a trabalhadores da construção civil, bombeiros, ou os condutores de autocarros, que em muitas cidades, levaram os seus autocarros e os deixaram na rua para fazer barricadas. Os principais sindicatos têm estado presentes e a apoiar, assim como gente dos partidos da oposição. Às 16h (hora local) de hoje será feito o anúncio de uma greve geral contra a Erdogan. Alguns militares levaram máscaras aos manifestantes contra o gás lacrimogéneo desde o início do protesto, mas de resto não têm estado muito mais interventivos.

“Temos neste momento exigências claras: Manter o Parque de Taksim, cancelar todos os planos de construção, mas as coisas já saltaram claramente para outra dimensão: exigimos o fim da violência policial e a demissão do chefe das polícias na Turquia, acompanhado pela demissão do Governo e do Primeiro-Ministro Erdogan.

Sentimo-nos muito fortes. A praça está com uma atmosfera fantástica, com as pessoas a cantar, e a dançar, com os bairros aqui perto em solidariedade total. Não havia uma união assim há 70 anos, dizem os mais velhos. Sentimo-nos fortes, imagina que quando vem um canhão de água ninguém foge, quando vem a polícia, contra balas de borracha e contra o gás, as pessoas não estão a recuar, estão a resistir. Vamos ganhar.”

Mensagem para a Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis “i had a asthma attacked two days ago near the barricade. but now im ok don’t worry about me and thank u very much all pi friends. i miss u all so much! kiss u from turkey with love, gas and struggle. thank you for your support! we will win and i forgot to write that police use plastic bullets. we have friends injured with plastic bullets.”

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