Requisição civil: governo declara guerra aos trabalhadores da TAP
A tentativa de privatização da TAP atingiu um ponto de enorme violência com o governo a declarar guerra aos trabalhadores da TAP através de uma requisição civil para os dias em que estava anunciada a greve na operadora aérea.
O Conselho de Ministros aprovou esta tarde esta medida que abrange 70% dos trabalhadores da TAP e que garante todos os voos que estavam escalados. Ou seja, o governo invoca a necessidade prevista no Direito Administrativo de proteger “a vida, a saúde, a coletividade” para impedir uma greve contra a privatização da TAP.
As centrais sindicais e os sindicatos da TAP já denunciaram que a requisição civil é uma provocação e que é ilegal. De facto, não se compreende que “vida”, “saúde” ou “coletividade” os trabalhadores estão a por em perigo com uma greve convocada por 12 sindicatos para impedir a privatização de uma empresa pública. Esta decisão demonstra a total hipocrisia do governo e forma como tenta manipular a opinião pública: justifica esta requisição civil com a defesa do interesse público, quando a greve pretende justamente defender a manutenção do controlo público da companhia aérea; caso a privatização se venha a confirmar, é esse mesmo interesse público que deixa de estar garantido, passando a TAP a operar unicamente com base nos interesses privados do grupo que desta forma se apodera de uma empresa estratégica e de um património que é de todos.
Nos últimos dias, o Sec. de Estado Sérgio Monteiro, o ministro da Economia Pires de Lima e vários responsáveis do PSD e do CDS têm feito declarações bizarras, atacando o direito dos trabalhadores à greve e garantindo que a TAP será vendida. Agora, aumentando o nível de chantagem e confrontação, anunciam esta decisão inaceitável, que visa apenas tentar quebrar a força colectiva dos trabalhadores e colocar a população contra os sindicatos.
Basta recordar que a primeira vez que o governo tentou vender a TAP apenas houve uma oferta de um investidor que estava implicado em negócios obscuros com outras companhias aéreas. Agora há mais interessados porque o governo baixou as condições e o valor.
Assim, face a um governo que quer oferecer a preço de saldo a alguns o que hoje é de todos, os trabalhadores da empresa têm feito uma enorme batalha que agora está mais dramatizada depois da requisição civil.
Notícia, por exemplo, aqui.
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