Salário mínimo vale hoje menos do que há 35 anos

Somos frequentemente lembrados pelo governo de Sócrates, que a crise das nossas vidas (sim, porque a crise atinge essencialmente quem trabalha) se deve a factores externos, e se não fosse isso, as condições de vida seriam muito melhores para todos. Não é verdade. Mas diga-se também que as responsabilidades não são apenas do PS de José Sócrates. PS e PSD, partilham a responsabilidade de liderarem o país, desde há umas dezenas de anos, para a dificuldade de uns (e facilidade de outros).

A noção do que é a “responsabilidade governativa” sobre o défice, as contas públicas, os números, as estatísticas, e por tudo o que pode sustentar o discurso dos políticos do poder, tem sido usada contra nós. Estes campos de debate têm sido escolhidos para afastar as pessoas do debate. Tem sido passado um atestado de menoridade às pessoas. Como se elas não soubessem avaliar se tem mais ou menos dificuldades nos empregos, mais ou menos dificuldades em obter aquilo que é essencial?

A TSF, com a ajuda de João Loureiro – professor da Faculdade de Economia do Porto – mostrou hoje que o Salário Mínimo Nacional vale actualmente menos do que em 1974 quando foi criado. Se tivesse evoluído ao ritmo da inflação deveria ser hoje de 584 euros, mais 30 por cento do que os 450 definidos no início do ano.

Um dos objectivos do Salário Mínimo Nacional, nascido na revolução de Abril, era garantir a correcção dos desequilíbrios sociais e económicos, melhorando os «níveis de vida muito baixos».

Na altura, a decisão iria beneficiar 50 por cento da população activa, enquanto que hoje o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social aponta para 6,3 por cento dos trabalhadores a ganhar em Abril de 2008 a retribuição mínima mensal garantida.

Claro que, tal como nos números do desemprego, este valor pecará por escasso. Sabemos bem que existe uma imensidão de pessoas a ganhar o salário mínimo, e até menos. Os pagamentos são feitos por baixo da mesa, ou por recibo verde. Sabemos também que as pessoas que trabalham a recibo verde ganham apenas nos meses em que trabalham, por isso, o total do ano significa 11 salários em vez dos 14. O valor devido e justo às pessoas será 14 salários por ano, e não é nenhuma regalia, é uma das conquistas de quem trabalha para equilibrar a balança económica entre trabalhadores e patrões. Para que os patrões não fiquem com tanto daquilo que é produzido por quem trabalha.

Notícia TSF aqui e aqui a posição de Carvalho da Silva (CGTP)

rUImAIA

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