Sara Branco, EUA :: Investigadores pelo Mundo

banner dossier investigadoresSara Branco, a fazer um pós-doutoramento nos Estados Unidos é o segundo testemunho desta série.

1.Que investigação fazes ( IC, PhD, pós doc, etc), área profissional, e o teu trabalho está integrado num projecto de investigação mais amplo ou é um projecto individual?
Sou pós-doc na Universidade da Califórnia, Berkeley. Trabalho em biologia e faço parte de um projecto grande que inclui investigadores em 3 universidades diferentes.

2. Que tipo de vínculo contratual tens (bolsa, contrato, etc)? Financiado por quem? Sempre foi assim?
Tenho contratos anuais, renováveis até 5 anos. Sou empregada pelo departamento onde trabalho, mas o financiamento vem da National Science Foundation. Pago impostos como qualquer trabalhador. O meu pos-doc anterior (noutro país) foi semelhante, mas o meu salário vinha directamente do departamento .

3. Que tipo de vínculo têm os teus pares (colegas de laboratório, professores, orientadores)?
Os professores com quem trabalho ou têm contrato permanente (são ‘tenured’) ou estão a caminho de um contrato permanente (na chamada ‘tenure track’). No laboratório temos pós-docs na mesma situação que eu (com um contrato de trabalho) ou com bolsas externas, um lab manager (com contratos anuais) e doutorandos (tanto pagos directamente pelo departamento, como com bolsas de investigação*)
*As bolsas de doutoramento aqui são muito diferentes das bolsas portuguesas. Tendem a ser mais curtas, pelo que os doutorandos são muitas vezes também pagos pelos departamentos ou projectos do orientador. Outra opção comum é dar aulas (normalmente as componentes praticas) ou ser assistente de investigação.

4. Baseado na tua experiência, quais as principais diferenças que encontras relativamente à investigação em Portugal?
Liberdade – aqui posso fazer o que eu quiser e tenho um ambiente propício para desenvolver projectos inovativos e aprender abordagens diferentes. Sinto também que aqui desperdiço muito menos tempo e energia com tarefas tangenciais a irrelevantes, levando a que possa fazer aquilo para que sou paga. É verdade que tenho acesso a mais recursos do que em Portugal (fundos, equipamento, etc.), mas a grande diferença é o modo como se pensa a ciência e quais são os objectivos da investigação.

5. Tens apoio para fazer uma temporada/trabalho de campo noutro instituto/país para melhorar a investigação que fazes?
Sim. Faço trabalho de campo pela América do Norte afora e tenho a possibilidade de ir para outra universidade para desenvolver os meus projectos.

6. Qual a percepção pública dos investigadores no país onde trabalhas?
Pergunta difícil… Depende. A região onde moro valoriza a educação e aprecia a investigação em geral. Há muitas pessoas qualificadas que trabalham na indústria tecnológica e biotecnológica. Neste meio, os investigadores académicos são vistos como pobres, visto que os salários nas universidades tendem a ser muito mais baixos que na indústria.
Dito isto, o país é muito grande e há zonas em que a população não compreende o que é investigação científica. Nessas áreas, a percepção pública não é das melhores…

Facebooktwitterredditlinkedintumblrmailby feather