Secretária de Estado da Ciência desvaloriza atrasos nos concursos
A secretária de Estado da Ciência, Leonor Parreira, em declarações à Antena 1 (30 de Julho, noticiário das 21h, ao minuto 7’44’’) disse não ver problema no atraso da abertura dos concursos a bolsas individuais de doutoramento, pós-doutoramento e Investigador FCT, uma vez que “o que importa é a data de início das bolsas” que, assegura, “começarão a ser pagas em Janeiro de 2014”, considerando ainda que “é irrelevante a altura em que se faz a abertura dos concursos”, desvalorizando a total política de silêncio da FCT relativamente ao lançamento dos concursos, e a confusão e incerteza gerada no seio académico.
Com estas declarações, Leonor Parreira, apoiada por Nuno Crato, posiciona-se do lado de quem vê a investigação científica como apenas um investimento entre tantos possíveis, um sector não meritório de uma estrutura sólida e projetada a vários anos, colocando-se hoje os centros de investigação e os investigadores à mercê do desgoverno e de um financiamento a conta-gotas.
A imposição de falsos critérios de seleção nos novos concursos, como a exclusão de candidatos que não tenham defendido o grau anterior até 19 de Setembro (data em que fecha o concurso), quando o concurso é lançado basicamente no início de Agosto (mês em que a maioria das universidades e institutos fecham, sem possibilidade de agendamentos de teses durante esse mês) é uma estratégia que visa excluir candidatos, criando um hiato no seu ciclo académico que obrigará a que muitos desistam de lutar por uma carreira na investigação em Portugal e acabem por sair do país ou desistam mesmo do seu projeto científico.
É interessante ver como Leonor Parreira consegue desvalorizar o atraso nos concursos e assegurar ao mesmo tempo que as bolsas começarão em Janeiro de 2014, mesmo depois de um dirigente da FCT ter comunicado aos Precários inflexíveis que dificilmente, com este atraso nos concursos, as bolsas terão início em Janeiro, podendo apenas prometer meados de 2014.
A investigação em Portugal não merece ser dirigida por uma Secretária de Estado e um Ministro que são desconhecedores da realidade e não veem problema numa Ciência a conta gotas, desvalorizando quem a faz e os seus ciclos próprios.
A Secretária de Estado, Leonor Parreira, e o Ministro da Educação e da Ciência, Nuno Crato, têm de ser demitidos. Tal como o resto do governo.
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