Governo acelera compra de dívida pública com os fundos da Segurança Social
Ecoou ontem pela comunicação social a intenção do Governo investir até 90% do Fundo de Estabilidade Financeira da Segurança Social (FEFSS) em títulos de dívida pública. Este fundo, que representa actualmente mais de 10,5 mil milhões de euros, foi criado em 1989 com o objectivo de garantir estabilidade no pagamento das reformas de quem trabalhou uma vida inteira. As previsões actuais indicam que este montante será necessário para garantir reformas a partir de 2020, dentro de 7 anos, e que se esgotará em 2040.
Esta medida dá continuidade ao plano que o Governo tem em marcha há já algum tempo: descapitalização da Segurança Social e degradação completa do Estado Social para favorecimento dos interesses da finança. A estratégia é completamente destrutiva: pagar com os nossos direitos a irresponsabilidade de quem lucrou milhões no sector privado com o jogo da banca. Vítor Gaspar e Pedro Mota Soares não querem saber se haverá dinheiro para pagar as pensões aos reformados ou se teremos condições de vida com um mínimo de dignidade e justiça neste país. A Segurança Social e os seus serviços representam a maior fatia de dinheiro disponível em Portugal, foi edificada com o suor de quem trabalha e dela necessita e agora está a saque. Não há um pingo de responsabilidade social, nem vergonha, em quem Governa ou de alguma forma compactua com este plano.
Desde a entrega dos fundos de despedimento à banca (aqui) ao assumir da responsabilidade de pagamento das pensões da banca pela própria segurança social (aqui), abundam os assaltos à população portuguesa e à democracia. Eles rapinam tudo.
O saque está a ser montado há bastante tempo, mas agora que o governo está sem apoio ou substância, poderá montar-se um desmantelamento acelerado. Ontem uma das mais importantes vozes do regime e funcionário de várias empresas da banca e sector financeiro, Daniel Bessa, atacou com violência a Segurança Social, comparando-a a um esquema piramidal. O esquema que pretendem as vozes representadas por Bessa é ir buscar o dinheiro descontado por quem trabalha para a utilização pelo sistema financeiro, quer directamente, quer financiado por dívida pública. O novo regime do resgate contínuo para a finança garantido por todos e todas nós.
Em defesa do Estado Social e porque sabemos que o caminho da austeridade e do empobrecimento não são inevitáveis, dia 1 de Junho estaremos na rua na manifestação Povos unidos contra a troika!
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