Sessão Internacional – Dia de Acção Comum Contra o Trabalho Precário a 1 de Dezembro
Está dado o pontapé de saída do Fórum Precariedade e Desemprego. Depois da estreia do filme “um dia no dois de março”, de Joana Campos e Hugo Evangelista, uma concorrida sessão internacional com intervenientes de Espanha, Grécia e Itália concluiu com lançamento de um apelo a um Dia de Acção Internacional Contra o Trabalho Precário a 1 de Dezembro, mesma data do protesto ocorrido em 2012.
Eduardo Ocaña e María Lopez, da Oficina Precaria (Espanha) partilharam a mesa com João Camargo dos Precários Inflexíveis, havendo ainda as intervenções à distância de Maria Botsi, da Network of Precarity and Unemployment (Grécia) e de Marco Filipetti, da Communia (Itália). Os breves problemas de ordem técnica na ligação com a Grécia não impediram uma importante troca de experiências e de visões sobre a precariedade e a sequência a dar ao combate ao trabalho precário e ao desemprego. Os participantes na mesa lançaram um apelo a um Dia Internacional de Acção Comum Contra o Trabalho Precário, marcada para dia 1 de Dezembro.
Abaixo o texto do apelo:
A nossa luta é internacional – A nossa crise é a precariedade, o nosso objectivo é um novo mundo!
Há oficialmente mais de 200 milhões de desempregados em todo o mundo em 2013. Na Europa em crise há mais de 26 milhões, especialmente entre os jovens. Estes números dispararam desde a crise do subprime, confirmando aquilo de que toda a população suspeitava e que agora confirmou: são aqueles que trabalham e que vivem do seu salário que pagaram o rebentamento da bolha do sistema bancário e financeiro. Qualquer previsão sobre o número de trabalhadores e trabalhadoras precárias no mundo será uma subavaliação. Somos centenas de milhões numa encruzilhada histórica entre aceitar a degradação generalizada das nossas vidas e trabalho, pela instituição de trabalho sem quaisquer direitos, ou resistir e contra-atacar. Fizemos a nossa escolha. A resignação não é uma opção.
De Portugal à Grécia, de Itália à Espanha, da Alemanha à França, o trabalho precário é uma ameaça iminente que paira sobre toda a gente, um desafio não só para as gerações mais jovens, mas para a sociedade como um todo. A União Europeia sob a bandeira da troika instituirá uma mudança de regime que partirá a sociedade em dois: a pequena minoria dos poucos que tudo têm e a massa gigantesca daqueles que dificilmente terão como viver. Este capitalismo parasítico está a destruir a própria estrutura da sociedade. Um dos principais eixos desta mudança de regime, este golpe contra a dignidade, os direitos e a democracia, será a chantagem do desemprego e da precariedade. Contra este golpe reunimo-nos aqui hoje.
Fizemos um longo caminho, em cada país, travámos muitas batalhas, contra o desemprego, contra os minijobs, contra o trabalho temporário e contra o falso trabalho independente, por um futuro melhor, pela liberdade e independência pessoal e colectiva. Travaremos muitas mais batalhas. E começaremos a travá-las juntos e juntas, prometendo usar as experiências e a rede de organizações e activistas que resistem em cada país para reforçarmos o nosso conhecimento sobre o que se passa com as nossas vizinhas, com os nossos amigos, com as pessoas que enfrentam os mesmos desafios por todo o mundo. Utilizaremos este evento como uma pedra de toque e rampa de lançamento para mais iniciativas internacionais na luta contra o desemprego, a precariedade e a destruição das vidas de milhões por todo o planeta.
No dia 1 de Dezembro de 2013, organizaremos um Dia de Acção Comum Contra o Trabalho Precário por toda a Europa, não apenas para as organizações presentes aqui, mas também contactando muitos outros para este propósito.
A Precariedade não é inevitável. É derrotável. Levantemo-nos!
Versão em inglês
Our struggle is international! – Our crisis is precarity, our aim is a new world!
There are over 200 million unemployed in the world in 2013. In the crisis-ridden Europe, there are over 26 million, specially among the young. These numbers have skyrocketed since the subprime crisis, confirming what all the population suspected all along and have now confirmed: it is those who work and live off a wage who have paid the boom and bust of the banking and financial system. Any prediction on the number of precarious workers all around the world will be an underevaluation. We are in the hundreds of millions, put in front of the historical crossroads of accepting the generalized degradation of our lives and work, by the institution of jobs without any rights, or resisting and fighting back. We have made our choice. Resignation is not an option.
From Portugal to Greece, from Italy to Spain, from Germany to France, precarious labour is an impending and imminent threat, a challenge facing not only younger generations, but society as whole. The European Union under the banner of the troika will institute a regime change that will break society in two: the small minority of the ones which have it all against the giant mass of those who will scarcely make a living. This parasitical capitalism is destroying the very structure of society. One of the main axis of this regime change, this coup against dignity, rights and democracy, will be through the blackmail of unemployment and precarity. Against this coup we stand here today.
We have come a long way, each in his country, we have fought many battles, against unemployment, against minijobs, against temporary employment and false autonomous work, for a brighter future, for personal and colective freedom and independence. We will fight many more battles. And we will start fighting together, vowing to use the experiences and the network of organizations and activists who resist in each country to tighten our knowledge of what happens to our neighbours, to our friends, to people who face the same challenges that we do all around the world. We will use this event as a stepping stone for further international initiatives regarding the struggle against unemployment, precarity and the destruction of the lives of millions all around the globe.
On the 1st of December 2013, we will hold a Common Day of Action Against Precarious Labour all around Europe, not only through the organizations present here, but also contacting many others for this purpose.
Precariousness isn’t inevitable. It is defeatable. Rise up!
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