Sindicato acusa patrões de fazerem "aproveitamento oportunista" da crise

O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria e Restaurantes do Sul acusou os empresários do sector de estarem a fazer um “aproveitamento oportunista” da actual crise para intensificarem a precariedade laboral no sector.

“A pretexto da crise, à boleia da crise, os patrões estão a tomar um conjunto de medidas que não tomariam em situações normais”, afirmou o presidente do sindicato, apontando como exemplos a “utilização abusiva dos contratos a prazo”, o “aumento do trabalho temporário”, os “falsos recibos verdes” e os baixos salários.

“Os patrões [do sector do turismo e hotelaria] estão a fazer um aproveitamento oportunista da crise”, sublinhou Rodolfo Caseiro, numa conferência de imprensa, que decorreu hoje, em Lisboa. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul afirmou que esta postura do patronato do sector “é altamente prejudicial para o turismo”, argumentando que precariedade laboral e baixos salários não são compatíveis com qualidade do serviço.

“Não é possível ter qualidade de serviços prestado quando os patrões, a pretexto da crise, reduzem os quadros das mais importantes unidades”, afirmou o dirigente sindical, apontando como solução para “minimizar a crise do sector” o aumento dos salários. “No nosso sector, não é possível que patrões não possam dar melhores salários quando afirmaram que as receitas totais do primeiro semestre de 2008 aumentaram 2,7 por cento face ao mesmo período de 2007”, afirmou o presidente do sindicato, considerando que os empresários “estão a introduzir medo nos trabalhadores para que não reivindiquem aumentos”.

Questionado sobre o número de trabalhadores do sector que perderam emprego em 2008, o presidente do sindicato disse não possuir “dados rigorosos”. Rodolfo Caseiro disse que o sindicato vai apresentar pedidos de audiência ao secretário de Estado do Turismo, aos grupos parlamentares da Assembleia da República, ao grupo de trabalho que acompanha o sector no Parlamento e ao inspector do trabalho para apresentar um documento com o levantamento dos “problemas” das principais unidades do sector. Deste documento, detalhou o presidente do sindicato, fazem parte as situações laborais como a do Hotel Lapa Palace e das Pousadas de Portugal. “Há unidades que levam trabalhadores ao engano, como o Hotel Lapa Palace, dizendo que assinando a rescisão por mútuo acordo, terão direito ao fundo de desemprego, o que não acontece”, exemplificou, afirmando serem “despedimentos encapotados”.

No caso das Pousadas de Portugal, Rodolfo Caseiro disse que o Grupo Pestana encerrou 16 Pousadas “a pretexto de obras”. “Pedimos informações a várias câmaras [municipais] para ver se tinham sido informadas da realização de obras e seis câmaras responderam que não”, afirmou o dirigente sindical, considerando tratar-se de “uma habilidade para despedir trabalhadores”. Num comunicado enviado à imprensa no início do mês, o Grupo Pestana esclarecia que “as intervenções a realizar em algumas Pousadas não carecem de licenciamento e, nos casos em que necessitam, a empresa está a adoptar os procedimentos respectivos”.

via JN

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