Sindicatos da polícia juntos em manifestação pela primeira vez
Sabemos que a polícia se organiza para o delito comum, para o ladrão de automóveis, de casas, de telemóveis, de 20 ou 30 euros. Sabemos também que a justiça, e a polícia, para os que nos roubam sem armas, não está organizada e nem tem meios, não é mesmo esse o objectivo. Aliás, sabemos que a inspecção do trabalho, pela ACT, ou o funcionamento dos tribunais, são hoje apenas uma miragem. A precariedade está aliás dentro de portas dessas instituições. O roubo é feito lá dentro, desde que ninguém veja… ou talvez até possa ver, dado o estado de coisas, dado o descaramento e o poder que passou para o lado dos abusadores.
Ainda bem que pela primeira vez, desde há 20 anos, as forças de polícia se juntam, se unem, todos os sindicatos pela luta por melhores condições de vida e de trabalho. Precisamos de forças de polícia com direitos, como todos e todas as trabalhadoras. Precisamos que tenham os seus espaços de liberdade, como queremos para qualquer um. Precisamos de cidadãos e cidadãs cada vez mais atentos, menos agressivos contra quem está no mesmo barco. Nem balas para a polícia nem contra a polícia.
Queremos todos o que temos direito, e sabemos que quem nos rouba a sério não está, nem nos bairros, nem a trabalhar na polícia. Precisamos, todos os que vivemos do trabalho, de nos entender.
Quem está a trabalhar na polícia está a roubar, sim, está a roubar-me a liberdade.
E como esperam que os polícias fossem prender os ladrões-patrões? Os polícias estão ao serviço do Estado e dos governantes, que hoje em dia estão ao serviço dos patrões, empresários e milionários. Quem está ao serviço de um dono nunca o irá prender.
A polícia é feita para prender imigrantes ilegais e os tais ladrõezinhos de carteiras. para instalar a ordem na sociedade. Para reprimir manifs. Para que ela fique tal como está.
O roubo dos patrões pode ser feito às escondidas ou às claras: a polícia nunca os vai prender. A polícia são os cães deles. Não os seus inimigos. O seu trabalho é defendê-los.
Se se juntam na rua é porque querem mais para o seu bolso, estão infelizes, sim, como todos os explorados que andam a mando desses patrões que agora nos dizem que estamos em crise, e aproveitam-se desta coisa da democracia que é as pessoas poderem vir para a rua manifestar-se. E mal vestem o uniforme serão novamente os primeiros a reprimir as outras lutas dos outros, e a prender os mais pobres, os mais discriminados, os imigrantes ilegais. São os primeiros a atirar.
Leiam o Brecht. A mãe. Tem uma música que explica.