Soares dos Santos põe a máscara na precariedade e defende salário mínimo mais elevado

Em entrevista à TVI24 e ao jornal ECO, o patrão da Jerónimo Martins, dona da cadeia de supermercados Pingo Doce, afirmou ser a favor de uma salário mínimo nacional mais elevado em Portugal e teceu rasgados elogios às políticas de apoio às empresas praticadas na Holanda, para onde mudou a sede das suas empresas, e na Polónia, onde opera a Biedronka, outra cadeia de supermercados do grupo.

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Tanto o Pingo Doce como a Biedronka são conhecidos pela sua política de exploração dos trabalhadores, através de baixos salários, vínculos precários e extensos horários de trabalho. Quem não se lembra da humilhante promoção dos 50% que fez os supermercados Pingo Doce terem as portas abertas durante todo o dia no 1º de maio de 2012? Querendo passar a imagem de patrão benevolente, Soares dos Santos acaba por deixar cair a máscara nesta mesma entrevista ao reconhecer que os seus empregados chegam ao vencimento de 800 euros mensais depois de se esfalfarem em horas de trabalho, em vendas e em produtividade. Caso contrário, ficar-se-iam pelo salário mínimo. Contudo, vir dizer que os salários no Grupo Jerónimo Martins são mais elevados, quando esse acréscimo se baseia em prémios à exploração dos trabalhadores é contar a história da carochinha a adultos sem paciência para ouvi-la.

Além dos impostos muito mais baixos, Alexandre Soares dos Santos aponta como uma das razões para ter transferido a sede da Jerónimo Martins para a Holanda as políticas holandesas de cobertura dos investimentos empresariais pela Constituição local e pelos seus acordos comerciais. Ou seja, garantias dos contribuintes para proteger o investimento privado, incluindo a má gestão e os negócios arriscados? Não, obrigado. Em Portugal, já nos chegou o BPN, BES e Banif.

À frente das câmaras da televisão, Alexandre Soares dos Santos veste a capa bafienta de patrão que se diz preocupado com a dignidade dos seus empregados, enquanto promove a exploração e a precariedade nos seus supermercados. Se tivesse a coragem de oferecer condições realmente dignas aos trabalhadores e de não fugir com os seus impostos de Portugal, isso significaria muito na vida de muitas pessoas e provavelmente não afetaria em nada a vida de um dos homens mais ricos do país.

Notícias: Jornal Económico

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