Sócrates: "para o mercado de trabalho, serão as medidas da concertação social já assinadas, com aprofundamento"

Na conferência de imprensa de ontem sobre o acordo entre a troika e o Governo, Sócrates anunciou que muitas das medidas que tinham sido publicadas nos jornais nos últimos dias não iriam ser realizadas e que, no essencial, se faria uma versão “aprofundada” do PEC IV. Mas para o mercado de trabalho o profundo é ainda mais profundo.

Depois de gastar a maior parte da conferência de imprensa a “tranquilizar” os portugueses quanto ao conteúdo do acordo e sem avançar as medidas concretas que a foram acordadas com a troika FMI, CE, BCE, nomeadamente quanto ao valor do empréstimo ou aos juros que o Estado irá pagar por este dinheiro, o Primeiro Ministro foi dizendo pelas entrelinhas que as alterações no mercado de trabalho serão grandes.

A expressão utilizada foi “equilíbrio nas relações laborais” o que, tipicamente para o FMI, significa mais flexibilidade. Em Março a Ministra do Trabalho assinou à pressa com a UGT e com os patrões um acordo na concertação social em que o valor da indemnização dos trabalhadores em caso de despedimento baixava de 30 para 20 dias de trabalho por cada ano trabalhado e para um máximo de 12 anos. Para além disto, o acordo previa o despedimento mais fácil, embora não sem justa causa, de acordo com a declaração de Sócrates ontem à noite.

Mas já fomos sabendo mais, o acordo prevê a redução da taxa social única que os patrões pagam à Segurança Social, ou seja, os patrões pagaram menos para as pensões, os apoios sociais e para os subsídios de desemprego. Desta medida resulta ainda a descapitalização da Seg. Social, fazendo com que haja menos dinheiro para os apoios sociais a quem cai nas situações mais desesperadas, como a doença e o desemprego. Se em 2007 houve uma alteração da fórmula de cálculo das pensões e a introdução do factor de sustentabilidade, aumentando-se a idade da reforma, o que se irá fazer agora que há menos dinheiro para a Seg. Social?

Apesar do contentamento do Primeiro Ministro na (pré) apresentação das medidas da troika ficou claro que querem apresentar esta factura às pessoas que trabalham, pois dos 78 mil milhões de euros de empréstimo, já sabemos que aqueles que nos puseram nesta crise, os banqueiros, irão ter uma prenda no sapatinho de 18 mil milhões de euros. Assim, e sabendo que em cada 10€ que já foram usados para pagar a crise menos de 1€ veio da banca, cerca de 1/4 do bolo vai para a barriga do BPN, BES, BPI e BCP.

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