Somos cada vez mais… Não estamos sós!

Num país inundado de desempregados, mais de 560 mil segundo os números oficiais (inscritos no centro de emprego) e mais de 700 mil em números reais, tantos são aqueles que não têm qualquer apoio financeiro, estando impossibilitados de aceder a qualquer subsídio ou apoio social ao desemprego. Os precários, com vidas a prazo, são os mais afectados pela ausência de apoios.
Juntamente com o crescimento da individualização das relações de trabalho e com a destruição dos contratos de trabalho colectivos, assume-se de igual para igual as relações entre duas partes diferentes: os patrões – detentores dos meios de produção – e os trabalhadores, que dependem dos anteriores. Assim cresce a precariedade, o carácter descartável de todas estas pessoas responde directamente às vontades dos empregadores, ora empregado ora desempregado, a intermitência destas vidas só conhece dificuldades, impostas por chantagens diversas: a crise, o desemprego, o défice, etc. Argumentos que “justificam” a degradação das relações laborais, mas também a descapitalização da segurança social e do apoio por esta proporcionado. Um duplo roubo.
Este mês, 360 mil desempregados ainda não receberam o seu já magro subsídio de desemprego, o que representa uma semana de atraso… Esta situação espelha o desinvestimento, a desresponsabilização e o desrespeito dos sucessivos Governos perante centenas de milhar de trabalhadores que atravessam dificuldades múltiplas numa situação de desemprego.
Somos cada vez mais os que alternam a sua actividade laboral com períodos de desemprego, sem apoio e sem perspectivas de futuro. Somos cada vez mais os explorados e chantageados por um sistema económico que engorda fortunas à nossa custa. Mas somos, também, cada vez mais aqueles que têm consciência da sua condição e que estão na rua para dar a volta à precariedade. Não estamos sós!

Ricardo Vicente

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